A comunidade internacional vai doar quase 4,5 bilhões de dólares (aproximadamente 10,5 bilhões de reais) para a reconstrução da Faixa de Gaza. A decisão foi tomada por representantes de mais de 70 países, que se reuniram hoje (2) no Egito, com o objetivo de levantar pelo menos 3 bilhões de dólares. Eles se comprometeram a enviar a ajuda dentro de dois anos.
Embora Gaza seja governada pelo Hamas, a verba será recebida pela ANP (Autoridade Nacional Palestina), que controla a Cisjordânia. A entidade perdeu as eleições de 2005 para o Hamas, mas continua sendo a interlocutora preferida da maioria dos países junto aos palestinos.
A ANP afirmou que o recente ataque israelense à Faixa de Gaza causou um prejuízo de 1,9 bilhão de dólares na infra-estrutura da região. Cerca de 75% dos campos de cultivo foram destruídos e 14% dos prédios, derrubados em decorrência dos ataques. Cerca de 1,4 mil moradores foram mortos e 10 mil casas, atingidas.
A reunião contou com a presença da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, que anunciou a doação de 900 milhões de dólares. Por dia, o país gasta quase o dobro disso (mais de 1,6 bilhão) com armamento militar, segundo o Sipri (Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo). A União Européia prometeu doar os recursos que forem necessários.
O primeiro ministro italiano, Silvio Berlusconi, anunciou uma ajuda de 100 milhões de dólares, divididos em 25 milhões a cada semestre. O premiê, que preside o G8 neste ano, disse também que defenderá uma “espécie de Plano Marshall” para a Palestina nas próximas reuniões do grupo, referindo-se à ajuda dos Estados Unidos para a reconstrução da Europa após a Segunda Guerra.
O Brasil também esteve presente na conferência. O ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, anunciou a doação de 10 milhões de dólares. Além disso, disse que está “principalmente nas mãos de Israel” a chance de garantir o cumprimento das promessas do processo de paz. “É hora de paz, não de processo de paz”, declarou o ministro.
Hamas de fora
O Hamas, que não foi convidado para participar da conferência, pediu hoje que os membros da comunidade internacional reconheçam a legitimidade de seu governo na Faixa de Gaza.
“O sangue de nosso povo não pode servir de moeda de troca para se conseguir a reconstrução ou uma ajuda política”, acrescentou o porta-voz do Hamas em Gaza, Fawzi Barhum.
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