A opinião parece unânime entre integrantes da comunidade judaica: a ofensiva israelense é apenas uma resposta aos ataques feitos pelo Hamas ao longo dos últimos meses. E a população palestina não é culpada pelo conflito, e sim vítima do Hamas.
José Luiz Goldfarb, 51 anos, professor de História da Ciência e diretor cultural do Clube Hebraica, diz que como ser humano, se entristece com os conflitos, mas como judeu, não pode deixar de expressar que Israel procurou evitar o confronto com o Hamas.
Felipe Giersztajn, 21 anos, estudante de Jornalismo, comenta: “Não sou a favor do sacrifício de vidas humanas, porém, também é inaceitável ter sua casa atingida frequentemente e não tomar atitude alguma, nem tentar uma retaliação à altura. A minha visão sobre toda esta questão é que Israel equilibra os ataques que recebe do Hamas”.
“A guerra não é contra o povo palestino. O alvo é o Hamas. No entanto, não podemos fechar os olhos para milhares de foguetes”, afirma Ricardo Perkiensztat, vice-presidente executivo da Federação Israelita de São Paulo. “O objetivo principal da Tzavá [Exército] de Israel é destruir toda a infra-estrutura existente do Hamas, um grupo terrorista palestino que não aceita a existência de Israel, e não as pessoas que lá residem”, justificou Giersztajn.
Questionadas sobre a morte de civis palestinos, especialmente crianças e mulheres, as pessoas ouvidas nesta reportagem alegaram que o Hamas usa essas vítimas como escudos humanos, mesmo argumento usado por Israel. José Luiz Goldfarb afirmou que o número de mortes é maior do lado palestino porque Israel conta com uma infra-estrutura melhor para proteger seus cidadãos dos ataques do Hamas.
Daniel Ranieri, 23 anos, chefe de Segurança da Sinagoga Sefardi Paulista, contou que um amigo no Exército de Israel lhe relatou recentemente que os militantes do Hamas utilizam as crianças como escudo: “Parece que as crianças deles não têm valor”.
O raciocínio de Anna Carolina Gorski, 21 anos, estudante de publicidade, vai na mesma direção: “Concordo com Golda Meir, primeira ministra de Israel, já falecida, que dizia que só teremos a paz com os árabes quando eles amarem mais os filhos deles do que nos odeiam”.
Sem atos públicos
Perkiensztat afirma que todos os dias a Federação Israelita de São Paulo (Fisesp) tem se reunido para discutir os fatos, mas, ao contrário da comunidade árabe, não irá fazer manifestações. “O conflito é lá. Aqui, as comunidades vivem bem. No Brasil, nos tratamos como primos”.
Goldfarb conta que seu avô materno teve como grande amigo um libanês, que o confortou na hora da morte. “Meu avô, um judeu, morreu nos braços de um libanês”.
Ranieri, que esteve em Israel no ano passado, disse que tem vários amigos árabes e que a convivência pacífica no Brasil deveria servir de exemplo. “Existem árabes bons e árabes ruins, assim como existem judeus bons e ruins e católicos bons e ruins”.
Saiba o que pensam alguns árabes que moram no Brasil.
Desde o começo da ofensiva israelense, dezenas de protestos foram promovidos ao
redor do mundo, alguns envolvendo dezenas de milhares de pessoas. No Brasil, as
manifestações são menores, como esta realizada semana passada no Brás, zona
central de São Paulo. O Opera Mundi
estava presente e produziu uma galeria de fotos e um vídeo.
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