Atualizada às 17h12
Com confissão que teria sido obtida mediante tortura, um homem será enforcado no Paquistão por um crime que supostamente cometeu aos 14 anos. Pelas regras do país, a execução de uma pessoa condenada quando criança é proibida. Ainda assim, o enforcamento de Shafqat Hussain está marcado para quinta-feira (19/03).
Justice Project Pakistan
Shafqat Hussain, no meio, poderá ser enforcado em 19 de março em Karachi, onde está preso desde 2004
A execução da sentença foi anunciada na semana passada de forma repentina. Contrariando os pedidos de ativistas pelos direitos humanos nacionais e estrangeiros, o governo paquistanês se recusa a examinar a idade com que Hussain foi condenado.
“Nós temos a certidão de nascimento dele”, disse a advogada de defesa de Hussain, Sarah Belal, ao The Observer. “Não houve nenhuma investigação sobre a idade dele. Nossa assistente social visitou Shafqat e ninguém perguntou nada a ele. Então, por que este jovem tem que ser morto tão rapidamente?”, questionou.
Leia também: EUA: menores punidos com prisão perpétua são negros, pobres e vítimas de violência
A defesa do jovem irá apelar na Suprema Corte nesta terça (17/03). Os advogados defendem que a execução é ilegal tanto porque se trata da condenação de uma criança, como pelo fato de que a sentença é baseada em uma evidente declaração obtida sob tortura.
Condenação
Hussain foi condenado à morte há 10 anos por um suposto assassinato. Ele foi sentenciado em 2004 e perdeu a apelação em 2007.
NULL
NULL
O irmão de Shafqat, Manzoor Hussain, afirmou, ao jornal The Observer, que não pode “comprar a Justiça como os poderosos”. “O governo disse que ele não seria enforcado quando a comunidade e imprensa internacional estavam prestando atenção, mas agora eles não estão preocupados. O governo está apenas interessado em mostrar que estão fazendo alguma coisa contra o terrorismo. Mas meu irmão não é um terrorista.”
Agência Efe
“Por quê? Sem justiça, sem democracia, sem liberdade, sem justiça, sem paz” questiona manifestante durante protesto
A sentença foi reativada após o anúncio do fim da moratória da pena de morte para todos os crimes feito pelo governo paquistanês. Islamabad também aboliu a moratória para casos relacionados com terrorismo, após o atentado contra uma escola que matou 150 pessoas – a maior parte delas, crianças.
Leia mais: Noam Chomsky – Se EUA conseguirem destruir EI, terão que lidar com algo ainda mais extremista
O grupo internacional Human Rights Watch condenou amplamente a decisão por considerar que ela dá margem para uma “execução em massa” de pessoas, visto que mais de 8.000 prisioneiros estão no corredor da morte no país.