Além de conviverem diariamente com crimes como assassinato e latrocínio, alguns salvadorenhos também são obrigados a pagar certas quantias a membros das gangues criminosas, as maras, para seguir com seus estabelecimentos comerciais.
Carlos Hernández, um estudante universitário de 28 anos de Panchimalco, cidade turística situada 18 quilômetros ao sul da capital, afirmou que os casos de extorsões contra pequenos comerciantes têm aumentado. “No centro da cidade, praticamente todas as lojas pagam uma cota de 25 dólares por mês, não somente às gangues, mas também a outros grupos organizados”, disse.
Carlos Rivera
Soldado salvadorenho patrulha bairro de San Salvador
Hernández assegura que a situação tem levado os pequenos empresários a fechar seus estabelecimentos devido à impossibilidade de pagar a cota estabelecida, caso contrário, poderiam ser assassinados.
As extorsões, no entanto, também alcançam as grandes companhias, segundo denúncias da Anep (Associação Nacional da Empresa Privada de El Salvador), maior associação de empresas do país.
Um funcionário de uma companhia multinacional de refrigerantes, que preferiu não se identificar por segurança, assegurou ao Opera Mundi que sua empresa paga mensalmente às gangues cerca de cinco mil dólares para permitir o ingresso de seus produtos nas zonas sob domínio do crime.
A promotoria geral da República registrou nos primeiros oito meses de 2009 um aumento de 55% nos casos de extorsão, se comparado com o mesmo período do ano anterior: 2.265, contra 1.700.
Além disso, as cifras da polícia dizem que de janeiro a outubro do ano anterior foram registrados cerca de 2.500 assassinatos, enquanto no mesmo período desse ano as mortes somaram 3.673.
Insegurança
Os níveis de ansiedade e insegurança no país são alarmantes. Em outubro passado um email anônimo circulou com o assunto “Precaução na próxima segunda-feira”, no qual pedia que toda a população fosse avisada sobre uma suposta ofensiva que seria lançada pelas gangues no dia 19 desse mês, em diferentes regiões do país.
“Eu tenho um companheiro que é irmão de um investigador da polícia e ele me advertiu que na próxima segunda, 19, os mareros vão lançar uma ofensiva contra a população por todos lados”, declarava o e-mail.
A polícia não registrou qualquer movimentação criminosa relacionada à mensagem, porém, o comércio fechou suas portas como medida de prevenção e os negócios foram duramente afetados.
Leia a primeira parte:
Um país tomado pela delinquência
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