O presidente do México, Enrique Peña Nieto, declarou em entrevista ao jornal mexicano Excélsior, publicada nesta segunda-feira (07/03), que não irá pagar pela eventual construção de um muro na fronteira entre o México e os EUA, tal como proposto pelo empresário e pré-candidato à Casa Branca Donald Trump durante a campanha eleitoral. Peña Nieto comparou ainda o “tom estridente” de Trump ao do ditador alemão Adolf Hitler.
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“Não queremos que isso aconteça em nenhuma parte do mundo”, disse Peña Nieto se referindo a Hitler e Mussolini
Questionado sobre a possibilidade do México pagar pelo muro, Peña Nieto afirmou que “não existe [esse] cenário”. “Não posso ter um ponto em comum com esse posicionamento que vemos nesse político norte-americano”, disse.
“Houve episódios na história da humanidade em que, lamentavelmente, essas expressões, essa retórica estridente, apenas levaram a cenários fatídicos”, disse o mexicano ao ser perguntado se a postura de Trump seria apenas um aspecto retórico. “Assim chegaram Mussolini e Hitler, aproveitaram justamente um contexto, um problema que a humanidade vivia na época, depois de uma crise econômica”.
“No fim das contas, são essas expressões estridentes que buscam propor soluções muito fáceis, muito simples, a problemas que, é claro, não se resolvem facilmente assim”, declarou Peña Nieto.
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Trump, que propôs a construção de um muro na divisa entre México e os EUA como solução para barrar a entrada de imigrantes e de drogas no território norte-americano, lidera a corrida pela nomeação do Partido Republicano, à frente dos senadores Ted Cruz e Marco Rubio. O empresário afirmou que faria o México pagar pela construção do muro.
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Apesar de a cúpula do Partido Republicano ser contra Donald Trump, o empresário lidera a corrida pela nomeação
Peña Nieto, no entanto, disse na entrevista que, independentemente de quem vença a eleição nos EUA, buscará “fazer acordos” e construir “pontes de entendimento” com o novo chefe de Estado.
Latinos contra Trump
No decorrer do ano fiscal de 2015 nos EUA, houve um aumento de 11% na quantidade de formulários de naturalização de imigrantes latinos em relação ao ano anterior. A taxa de crescimento é de 14%, considerando de agosto do ano passado até janeiro de 2016. Segundo dados do governo, os números sobem semanalmente. Projeções de profissionais do meio chegam a estimar 1 milhão de requerimentos de naturalização em 2016, frente à média anual recente de 200 mil.
“Muitas pessoas estão abrindo os olhos por conta de todas as coisas negativas que Donald Trump trouxe”, afirmou ao jornal The New York Times Miguel Garfío, filho de mexicanos e casado com Hortensia Villegas, imigrante mexicana que mora nos EUA há 10 anos, mas só buscou se naturalizar por conta da campanha eleitoral. “Quero votar para que Donald Trump não vença”, disse ela.