As recentes medidas de austeridade fiscal adotadas pelo governo conservador de Mariano Rajoy podem fazer com que a Espanha demore até 25 anos para recuperar o atual estágio de bem-estar social, além de provocar o empobrecimento de 40% da população em apenas uma década. Essa é a conclusão de um estudo divulgado nesta quinta-feira (13/12) pela ONG Intermón Oxfam, intitulado “Crise, Desigualdade e Pobreza”.
A organização também fez uma análise das crises ocorridas nas últimas três décadas na América Latina e no Leste Asiático, que demoraram entre 15 e 25 anos para recuperar os níveis econômicos anteriores a essas depressões. De acordo com o relatório, as medidas de austeridade fiscal, muitas vezes alardeadas como a única salvação para os países mais endividados, só contribuíram para causar mais pobreza e desigualdade.
“Caso essas políticas que estão sendo aplicadas não mudem, a Espanha pode levar entre duas e três décadas para recuperar o nível de qualidade de vida que possuía antes do início da crise, em 2008”.
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Em dez anos, o número de pessoas consideradas pobres abrigaria 18 milhões de espanhóis (de uma população atual de 47 milhões), enquanto o percentual de 20% das pessoas mais ricas do país poderá obter rendas, em média, 15 vezes maiores do que as da população situada entre os 20% mais pobres.
“O modelo de austeridade centrado na redução do déficit e do saneamento dos bancos mediante a injeção de fundos públicos financiados ao custa de uma dívida exorbitante não gera crescimento”, explica o relatório.
A Intermón afirma que as decisões políticas tomadas na convulsão do contexto da crise está levando a mudanças estruturais no novo equilíbrio de forças. Já a participação popular nas tomadas de decisão sobre políticas públicas é tolhida, enquanto o pode do Estado perde espaço para o dos mercados.