Em meio à pressão do Eurogrupo (composto por autoridades financeiras da zona do euro e de órgãos como FMI e BCE) por reformas econômicas e garantia de pagamento da dívida, o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras decidiu reformular a pasta no início da semana.
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EFE
Varoufakis: 'Quando sou solicitado a comentar sobre o mundo, não tenho alternativa a não ser recorrer à tradição marxista'
Para agradar os credores, o líder do partido de esquerda afastou o ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, da primeira linha de diálogo. Desde que o Syriza assumiu o poder em janeiro, membros do Eurogrupo já haviam demonstrado insatisfação com a postura informal e a orientação marxista de Varoufakis.
Quem assumirá papel de protagonista da equipe de negociações com os sócios do bloco será o professor de economia Efclidis Tsakalotos, número dois do Ministério de Relações Exteriores.
Apesar de ter sido afastado, Varoufakis continuará representando a Grécia no Eurogrupo. Já Tsakalotos, embora tenha maior simpatia das instituições europeias, sempre defendeu uma ruptura firme com o princípio de austeridade e já considerou a moratória como uma séria opção para Atenas perante a crise econômica.
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Outra mudança marcante no gabinete de negociações é a entrada de Yorgos Juliarakis — homem de confiança do vice-primeiro-ministro Yanis Dragasakis — como delegado técnico do Executivo grego em Bruxelas. Ele substitui o atual responsável, Nikos Theojaris, conhecido por ser muito próximo de Varoufakis.
“As autoridades gregas anunciaram que Yorgos Juliarakis terá um papel de coordenação no grupo e entendemos que o primeiro-ministro [Tsipras] vai se envolver mais diretamente no processo. Isso é muito positivo”, comemoraram fontes da Comissão Europeia citadas pela agência Efe.
Na última postagem de seu blog, datada de 24 de abril, Varoufakis analisa os três meses de negociações entre o governo grego e os parceiros europeus. “Ainda não conseguimos produzir um acordo. E por quê? (…) A tarefa deles [credores] é apostar em uma abordagem que já faliu”, escreveu, criticando o método da austeridade como uma “cilada”.
Em meio ao impasse de um acordo, a necessidade de caixa da Grécia chega a 4 bilhões de euros somente para maio e Atenas ainda deve pagar um empréstimo de ao menos 1 bilhão de euros ao FMI (Fundo Monetário Internacional) no próximo mês, agravando o cenário.