O presidente da Itália, Giorgio Napolitano, convocou nesta quarta-feira (24/04) o vice-secretário do PD (Partido Democrata), Enrico Letta, para ser o encarregado de formar o novo governo do país. O partido, de centro-esquerda, foi o vencedor da última eleição legislativa, realizada em fevereiro, mas como não obteve maioria no Senado, ainda não conseguiu apoio suficiente para organizar um novo Executivo.
Agência Efe
Enrico Letta fala à imprensa depois de reunir-se com o presidente Giorgio Napolitano
Letta, de 46 anos, aceitou a incumbência “com reservas”, o que significa que ele terá um determinado tempo para fazer suas consultas e se reunir novamente com Napolitano para dar sua resposta definitiva. O dirigente substituirá Pier Luigi Bersani, líder demissionário do PD, que não obteve sucesso nas negociações.
O dirigente foi encarregado de formar um governo de coalizão entre os partidos com representatividade no governo. Além do PD, eles são o PdL (Povo da Liberdade), legenda de direita comandada pelo ex-premiê Silvio Berlusconi e que conta com apoio da Liga Norte, sigla de extrema-direita; a Opção Cívica, coligação de centro apoiado pelo primeiro-ministro interino, o tecnocrata Mario Monti; e o Movimento 5 Estrelas, partido recém-criado pelo dissidente do PD Beppe Grillo.
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Bersani e o PD se recusam a fazer aliança com o PdL, arquirrival histórico. Já o Movimento 5 Estrelas não quer se aliar à centro-esquerda. A Opção Cívica já havia entrado em acordo com Bersani, porém, não é tem senadores suficientes para alcançar a maioria.
A tendência agora é que, com a intermediação de Napolitano, o país fomme um governo de coalizão. Caso não seja possível, novas eleições deverão ser convocadas até junho.
A figura de Letta, um jovem político de 46 anos, mas já com um longa carreira e uma grande experiência pois foi europarlamentar, três vezes ministro e também subsecretário da Presidência, venceu a de Giuliano Amato, de 75 anos, que seria outra opção de Napolitano.
De perfil moderado e originário da linha da Democracia Cristã, Letta era o braço direito de Pier Luigi Bersani, e todos apontam que o político pode ser seu herdeiro no partido. No entanto, a recente divisão ocorrida na semana passada, quando o partido não conseguiu entrar em consenso para apontar um novo presidente – fazendo com que Napolitano aceitasse a indicação para ficar no cargo por mais sete anos.
Depois de se reunir ontem com Napolitano durante as rodadas de consultas que o presidente realizou com os partidos, Letta frisou a necessidade de reformar a política para “sair da crise”, priorizando a redução do número de parlamentares e a abolição das províncias (regiões equivalentes aos Estados no Brasil), assim como adotar um novo sistema eleitoral.
Afundada em desemprego e crise econômica, causada principalmente pelo estouro de sua dívida soberana, a Itália se encontra em estagnação política há dois meses.
(*) com agências de notícias Efe e France Presse