Em discurso televisionado na noite desta terça-feira (02/07), o presidente do Egito, Mohamed Mursi, culpou “remanescentes do antigo regime”, de Hosni Mubarak, pela crise que o país atravessa, mas não deu detalhes de soluções para os problemas.
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“Eu ouço [os manifestantes] no âmbito do processo democrático. No entanto, os remanescentes do antigo regime e suas figuras estão lutando contra a democracia”, declarou Mursi. Ele acrescentou que essas pessoas “não podem prosperar na democracia” e que elas estão “se aproveitando da raiva legal dos jovens”.
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“Não há substituição para a legitimidade, não há alternativa – e eu estou aberto ao diálogo”, afirmou o presidente. Antes do discurso, ele havia postado uma mensagem em sua conta oficial do Twitter pedindo que o Exército retirasse o ultimato de 48 horas feito ontem (01) e reiterando sua legitimidade como governante egípcio.
Agência Efe
Manifestantes contra Mursi protestam no Cairo. Na faixa, lê-se “Fora”.
“O presidente confirma sua adesão à legitimidade constitucional, rejeita toda tentativa de sair dela, pede às Forças Armadas que retirem sua advertência e rejeita qualquer ditado interno ou externo”, escreveu, em árabe.
Uma fonte militar confirmou à Reuters que o Exército estava ciente da declaração de Mursi no Twitter e que logo emitiria uma resposta.
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No discurso, Mursi declarou que chamava tanto a oposição quanto os partidários “permanecer firme defendendo a legitimidade”. “Para provar a todo mundo que somos capazes, através da nossa democracia, sem derramamento de sangue”. Ele também pediu que a população não deixe a revolução “ser sequestrada sob nenhum pretexto” e que não insulte o Exército.
Houve suspeitas de que Mursi estivesse fazendo declarações conjuntas com o Exército, apesar das críticas feitas por ele ao ultimato, mas tanto o diretor da emissora estatal que transmitiu o discurso quanto um porta-voz do Exército disseram que o comunicado era exclusivamente do presidente.
Hoje, Mursi se reuniu com o chefe das Forças Armadas, general Abdel Fattah al-Sisi, e com o premiê egípcio, Hisham Qandil, para tratar da crise política, mas não foram divulgados detalhes dessa reunião.
Tanto o discurso quanto o apelo de Mursi pelo fim do ultimato militar vieram em meio a uma nova onda de violência ocasionada pelos embates entre seus críticos e apoiadores. Nos confrontos de hoje, dezenas de pessoas ficaram feridas e sete foram mortas.