O primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, criticou duramente a lei anti-burca aprovada pelo governo francês e colocada em prática nesta segunda-feira (11/04). A França é o primeiro país no mundo a banir o uso do véu ou qualquer outro acessório muçulmano.
“Oprimir os direitos básicos e as liberdades para tentar ganhar alguns votos é uma injustiça com todas as nações europeias. É bastante irônico ver que o secularismo esteja em debate na Europa, debilitando certas liberdades”, afirmou Erdogan durante a Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, de acordo com a agência Efe. Segundo o premiê, a Turquia é o único país muçulmano que copiou a legislação francesa (napoleônica) sobre a separação entre religião e estado. “Hoje, na França, não há respeito pela liberdade religiosa individual.”
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Quando uma parlamentar francesa rechaçou a fala de Erdogan, o primeiro-ministro a convidou a “visitar a Turquia e ver com os próprios olhos” como é o cotidiano no país, compreendido entre a Ásia e a Europa. “Falam sem conhecer a situação. Em turco, costumamos dizer 'é coisa de francês' falar de alguém sem conhecimento.”
O debate subiu de tom, o que surpreendeu alguns representantes franceses. “A forma como ele desprezou a minha colega parlamentar francesa, que ousou pôr-lhe uma questão, tanto mais que é de origem turca, é desonesta. Mais desajeitada do que desonesta”, disse Jean-Claude Mignon, do Partido Popular Europeu.
O primeiro-ministro turco aproveitou para defender o processo de adesão do país à União Europeia, neste momento paralisado, sem deixar de criticar os países que usam o assunto como arma eleitoral.
Legislação
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, iniciou a pressão para o banimento do véu quase há dois anos, afirmando que o acessório aprisiona as mulheres e é contraditório com os valores seculares da nação de dignidade e igualdade. A proibição teve grande apoio popular quando foi aprovada pelo parlamento no ano passado.
Apesar de serem uma minoria na França, ao menos cinco milhões de muçulmanos usam véu no país. Muitos muçulmanos viram o banimento como um estigma contra a segunda maior religião do país.
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