O primeiro-ministro ucraniano, Arseniy Yatsenyuk, rejeitou o plano de paz proposto pelo presidente russo Vladimir Putin. Em comunicado, Yatsenyuk descreveu a proposta como “uma tentativa de enganar os olhos” da comunidade internacional às vésperas da cúpula da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e evitar novas sanções contra Moscou, como informou a agência Reuters.
Agência Efe
Manifestantes protestam contra a OTAN no País de Gales
As declarações, que estão em um comunicado divulgado na terça-feira (03/09), contrastam com a posição do presidente ucraniano, Petro Poroshenko, que participa da reunião da OTAN, que começa hoje, no País de Gales. O mandatário disse esperar que o documento para a implementação da paz no país poderá ser assinado durante a reunião que será realizada amanhã em Minsk, em Belarus.
Leia também: Rússia está 'praticamente' em guerra com União Europeia, diz presidente da Lituânia
O encontro terá a participação de emissários de Ucrânia, Rússia e OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa). Caso as conversas prosperem, será ordenado um cessar-fogo no leste do país, disse Poroshenko.
Na mesma linha, Putin disse que após as conversas com o homólogo ucraniano por telefone na terça, a solução para o conflito entre Kiev e os separatistas no leste do país pode estar “muito perto”.
Leia também: Ucrânia vivencia crimes contra humanidade por motivações étnicas
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, criticou hoje as declarações de Yatsenyuk, horas antes o início da reunião da OTAN. O chanceler afirmou que “o ocidente precisa entender que não pode apoiar aqueles em Kiev que colocam em risco a legitimidade do presidente [ucraniano] Petro Poroshenko com suas declarações”, como informou a agência russa Ria Novosti.
Lavrov pediu apoio ao plano apresentado por Putin e declarou que “os que apoiam elementos radicais beligerantes em Kiev têm uma enorme responsabilidade, incluindo não só a continuação do derramamento de sangue, mas também tentativas de levantar dúvida sobre as ações legítimas do presidente ucraniano. Espero que Washington e outras capitais que hoje adotam a retórica anti-Rússia entendam”.
Ingresso na OTAN
Ontem, Yatsenyuk anunciou que o governo ucraniano aprovou um projeto de lei que permite a revogação do estatuto neutro e traça um planejamento de entrada para a OTAN.
“Nas vésperas da cúpula da Aliança, colocamos o objetivo de obter um estatuto especial nas relações entre a Ucrânia e a Otan, devendo essa última atribuir à Ucrânia um estatuto específico de parceiro número um”, frisou o premiê.
Em conversas com a OSCE hoje, Lavrov considerou que a adesão da Ucrânia à OTAN “é uma tentativa evidente de fazer descarrilar todos os esforços visando a iniciar um diálogo para garantir a segurança nacional”.
O secretário-geral da Aliança Atlântica, Anders Fogh Rasmussen, no entanto, disse hoje a jornalistas que “no leste, a Rússia está atacando a Ucrânia”. O país nega que tenha enviado tropas para a nação vizinha, mas a OTAN diz que mais de mil soldados russos estão operando em solo ucraniano.
As declarações Rasmussen devem dar o tom da reunião da OTAN para discutir diversos temas da política internacional, como o avanço do Estado Islâmico no Iraque e na Síria, formas de estabilizar o Afeganistão quando as forças da organização deixarem o país e a crise ucraniana.
NULL
NULL
“É justamente em um momento como este, quando surge a oportunidade de começar a resolver problemas específicos entre Kiev e as milícias, que alguns setores do governo de Kiev fazem exigências para que a Ucrânia deixe seu status não-alinhado e comece a entrar na OTAN”, criticou Lavrov. Para a Rússia, a adesão da Ucrânia à aliança seria uma ameaça à segurança nacional.
Em abril de 2008, na cúpula de Bucareste, os dirigentes dos países da OTAN concordaram que a Ucrânia poderia juntar-se à Aliança, o que desagradou a Rússia. Em 2010, o governo pró-russo do presidente Viktor Yanukovich abandonou esse objetivo, embora mantivesse a cooperação com a organização militar.
Caso a Ucrânia entre na OTAN, os membros da aliança podem ser obrigados a defender o país com armas. Ontem, o presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou que as portas estão abertas para Estados que atendam os padrões da organização. França e Alemanha, no entanto, são contra a admissão de Kiev.