Milhares de pessoas foram às ruas neste sábado (29/05) em mais de 200 cidades pelo Brasil para protestar contra o governo do presidente Jair Bolsonaro. Com o lema “vacina no braço, comida no prato e fora Bolsonaro”, pelo menos 16 capitais receberam protestos contra a gestão do combate à pandemia da covid-19, que já matou mais de 459 mil pessoas no país, e pedindo o impeachment do mandatário brasileiro.
Diversas organizações, partidos políticos e movimentos sociais participaram dos atos que, majoritariamente, foram convocados pelas frentes Povo sem Medo e Brasil Popular, e também por movimentos estudantis, centrais sindicais e coletivos independentes, que destacaram a importância de manter os cuidados contra a covid-19 durante os protestos. As convocatórias orientaram os manifestantes a usarem máscaras de proteção e a manterem o distanciamento social.
Em Recife, capital de Pernambuco, a Polícia Militar reprimiu manifestantes na manhã deste sábado. Eles se concentravam na avenida Guararapes quando ocorreu a repressão. Com o uso de bombas de efeito moral e balas de borracha, pessoas ficaram feridas, sendo que em vídeos e fotos do protesto é possível ver um manifestante com um sangramento no olho.
A vereadora Liana Cirne (PT-PE) foi agredida por um policial militar que jogou spray de pimenta no rosto da parlamentar. A congressista conversava com a polícia quando foi atingida. A equipe jurídica da vereadora já registrou queixa em uma delegacia da região.
O Rio de Janeiro registrou uma das maiores manifestações deste sábado. Segundo os organizadores, o MTST (Movimento dos Trabalhadores sem Teto) e Povo na Rua, cerca de 30 a 50 mil pessoas participaram dos atos contra Bolsonaro na capital carioca. A maioria dos manifestantes usou máscaras de proteção contra a covid-19 e buscou manter o distanciamento social.
A concentração se iniciou de manhã, no Monumento Zumbi dos Palmares, no centro da cidade. Os manifestantes caminharam pela Avenida Presidente Vargas e ocuparam três faixas da pista. Os pedidos por vacina, emprego e a paralisação do processo de privatização de estatais, como a Cedae e a Eletrobrás, se juntaram ao apoio a instituições públicas como a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e a Fiocruz.
Ainda no Rio, em Petrópolis, foi registrado um ato que se iniciou por volta das 11h, na Praça da Inconfidência, região central. Os manifestantes seguiram em caminhada até a Praça Dom Pedro, também no centro da cidade.
Milhares de pessoas se concentraram às 16h no vão livre do MASP, em São Paulo, para o início do ato na capital paulista, que é esperado como um dos maiores do país. Uma hora depois do início da concentração, a avenida Paulista já estava completamente fechada para o trânsito de carros, e organizadores estimavam a participação de milhares de pessoas.
A União Nacional dos Estudantes (UNE) organizou tendas de distribuição gratuita de máscaras PFF2, álcool em gel e instruções para manter o distanciamento social contra a covid-19.
Diversas figuras políticas da esquerda brasileira participaram dos atos na Paulista neste sábado. A deputada federal e presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, e o coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e candidato derrotado à Prefeitura de São Paulo pelo PSOL, Guilherme Boulos, foram alguns dos presentes.
Em discurso durante o ato, Boulos afirmou que o objetivo dos protestos pelo país é “derrubar Bolsonaro” e que “não dá mais para ver nosso povo morrendo”.
“Chegou a hora de a gente dar um basta. Tirar o Bolsonaro do governo porque nós não vamos esperar sentados até 2022. Não vamos esperar ver nosso povo morrendo, sangrando. Vamos seguir até derrubar o genocida Jair Bolsonaro”, disse o político.
Haroldo Ceravolo Sereza/Opera Mundi
Milhares de pessoas se concentraram às 16h no vão livre do MASP, em São Paulo
Em Brasília, capital do país, o protesto que contou com centenas de participantes começou às 9h, na altura do Museu Nacional da República. Carregando faixas e entoando palavras de ordem como “Bolsonaro genocida”, “fora Bolsonaro”, vacina no braço” e “comida no prato”, os manifestantes marcharam pela Esplanada dos Ministérios e se concentraram em frente ao Congresso Nacional. Todas as seis faixas da via foram ocupadas pelos manifestantes que, em sua maioria, foram às ruas de máscara para se proteger do novo coronavírus.
Na capital de Minas Gerais, em Belo Horizonte, a avenida João Pinheiro, no centro da cidade, foi tomada por manifestantes, que ocuparam a Praça da Liberdade e marcharam até a Praça Afonso Arinos. Já em Florianópolis, capital de Santa Catarina, o ato se iniciou por volta de 10h30 e a organização estimou que cerca de 20 mil pessoas participaram da manifestação contra Bolsonaro. Joinville, Blumenau, Itajaí, Criciúma, Chapecó e outras cidades do Estado também registraram protestos.
Ao Norte e Nordeste do país, a cidade de Porto Velho, capital de Rondônia, recebeu estudantes que organizaram um ato em frente à Universidade Federal do Estado. O protesto se juntou a uma carreata na Avenida 7 de setembro. Já em Palmas, capital do Tocantins, manifestantes caminharam pela Avenida Juscelino Kubitschek e entoaram o grito de “Genocida!”.
Em Salvador, estudantes e população se concentraram no bairro de Campo Grande, onde pediram o impeachment do presidente e entoaram palavras de ordem em defesa da “universidade pública, por saúde e pela vida digna”. Em Sergipe, a concentração foi na Praça dos Mercados, região central da capital Aracajú.
Com concentração na Praça Centenário, região central de Maceió, a manifestação na capital de Alagoas foi organizada pelos movimentos sociais e partidos políticos de oposição ao governo Bolsonaro. Segundo os organizadores, mais de 5 mil pessoas participaram dos protestos. Em Goiás foram registrados atos na capital, Goiânia, além de cidades como Jataí, Pirinópolis e Catalão. A capital do Pará, Belém, também reuniu pessoas nas ruas pelo Fora Bolsonaro.
(*) Com Rede Brasil Atual.