Como resposta à decisão da Opep (Organização de Países Produtores e Exportadores de Petróleo) de manter a produção de 30 milhões de barris diários mesmo diante da queda internacional no preço do petróleo, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou medidas de redução orçamentária e cortes nos gastos públicos, que incluem ainda a revisão salarial de altos funcionários governamentais.
Durante o segundo semestre de 2014, o petróleo venezuelano perdeu um terço do valor de mercado. A questão tem como agravante o fato de a Venezuela, que possui a maior reserva certificada de petróleo do mundo, ter na venda do produto sua maior fonte de recursos, equivalente a 96% de todas as suas exportações.
Agência Efe
Revisão de salários começará com o do presidente da República, disse Maduro
Apesar da situação enfrentada, o mandatário venezuelano assegurou que o país “está em condições de resistir à baixa do petróleo”. No entanto, como medida para superar a situação, Maduro anunciou a revisão do salário de altos funcionários e criou uma comissão para a “racionalização e redução do gasto público”.
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O presidente voltou a insistir que é tempo de “aumentar o investimento produtivo em um plano anticíclico” para seguir promovendo os “motores reais da economia”. Ele garantiu, no entanto, que não serão modificados os planos de construção de casas ou de vendas de alimentos subsidiados.
O país está buscando “cobertura de recursos em divisas que cubram o faltante pela baixa dos recursos petroleiros”. Neste contexto, a China, que já emprestou mais de US$ 40 bilhões ao país, aparece como possível financiadora da economia venezuelana.
Reunião da Opep
A Opep, cartel que reúne os maiores países produtores de petróleo do mundo, decidiu nesta quinta-feira (27/11) não diminuir a produção conjunta de 30 milhões de barris diários, apesar da pressão de vários dos 12 países-membros para aprovar um corte que ajudasse a deter a queda dos preços, a maior desde 2010.
“Não haverá corte da produção”, afirmou o ministro do Kuwait, Ali Saleh al-Omair, ao fim de uma reunião dos membros da Opep, marcada por divergências.
Agência Efe
Abdalla Salem El-Badri, secretário-geral da Opep, participa de reunião ministerial do grupo, em Viena
Após a decisão da organização, o preço do petróleo recuou, em Londres e Nova York, onde o WTI (West Texas Intermediate) ficou abaixo dos US$ 70,00 por barril pela primeira vez desde 2010.
O chanceler venezuelano Rafael Ramírez ressaltou, após a decisão, o excesso de oferta no mercado pelo aumento da produção de países não membros da Opep, como Rússia e México. Segundo Ramírez, há “uma abundância de oferta de dois milhões de barris diários”, o que torna necessário cortar a produção para que os preços voltem a “um nível justo” (em torno dos US$ 100 dólares o barril), tanto para produtores como para consumidores.
Além disso, há a concorrência criada pelo “petróleo de xisto”, extraído principalmente pelos Estados Unidos graças às técnicas de fratura hidráulica — conhecida como “fracking” e questionada por ambientalistas —, além do aumento da produção em Brasil, Canadá e Rússia, em um contexto de desaceleração do crescimento na China e estagnação na Europa, contraiu a demanda.
(*) Com informações da Agência Efe