Frente às acusações de financiamento ilegal do seu partido e às exigências da oposição de que renuncie ao cargo e convoque novas eleições, o chefe do governo espanhol Mariano Rajoy anunciou nesta quinta-feira (01/08) que não vai se demitir e não vai convocar eleições antecipadas.
Agência Efe
O premiê Mariano Rajoy é acusado de esconder contabilidade paralela de seu partido e receber pagamentos ilegais
Rajoy declarou que se equivocou “ao confiar em uma pessoa que agora sabemos que não merecia e que me enganou”, referindo-se ao ex-tesoureiro do PP (Partido Popular) Luis Bárcenas, preso desde o final de junho, depois de ter revelado um suposto esquema de financiamento ilegal do partido no qual o presidente de governo estaria envolvido.
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Além disso, o chefe do Executivo afirmou que a possibilidade de renunciar “nem é considerada” e que ninguém está pedindo que ele dê explicações, apenas que se declare culpado. “Vocês têm a versão de vocês e por isso a minha já não vale. E eu não vou me declarar culpado porque não sou”, disse.
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Rajoy acrescentou que não possui “registro nenhum” de que seu partido tenha sido financiado ilegalmente e que não é culpado porque “sempre cumpri minhas obrigações com a Fazenda, não vim para a política para enriquecer e não violei o Estado de direito, nem como presidente nem em qualquer outra responsabilidade”.
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Segundo ele, todo o dinheiro que recebeu foi declarado na Fazenda e isso tem “mais valor” que “um papel amassado escrito a mão”, em alusão aos “papéis de Bárcenas”, publicados pela imprensa espanhola em janeiro e que revelavam uma contabilidade paralela no PP. De acordo com o ex-tesoureiro, entre 2009 e 2010 foram entregues mais de 90 mil euros a Rajoy e a Maria Dolores Cospedal, secretária-geral do partido.
Explicações
Diferentemente do que fez no passado, quando negou ter tido qualquer tipo de contato com Bárcenas, Rajoy desta vez justificou suas relações com ele dizendo que “um imputado não é um condenado”. O ex-tesoureiro já havia sido imputado em 2009 por envolvimento em um outro caso de corrupção, conhecido como “caso Gürtel”.
O presidente do governo afirmou ainda que não encobriu um falso culpado e que Bárcenas o enganou facilmente, porque não costuma “condenar ninguém de maneira preventiva”. “Dei crédito a Bárcenas, era alguém de confiança no partido. Confiei nele e o apoiei […]. Me equivoquei ao confiar em uma pessoa errada”, declarou.
“O PP não tem mantido uma contabilidade paralela e nem esconde nenhum crime. Estão sendo pagos salários e remunerações complementares ao cargo, como em todos os lugares”, insistiu Rajoy.
Os líderes socialistas consideram que as mensagens de texto entre Rajoy e Bárcenas reveladas pelo ex-tesoureiro são uma prova da culpa do primeiro-ministro. “São as mensagens de um sócio falando com outro sócio que pode colocá-lo em perigo”, afirmou Alfredo Pérez Rubacalba, líder do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol).
Durante o debate ocorrido hoje, os socialistas pediram a renúncia de Rajoy por sua possível responsabilidade no caso, enquanto a maioria dos grupos reivindicou eleições antecipadas.