No mesmo dia em que o governo da Síria disse ter derrotado “de uma vez por todas” o levante oposicionista que há mais de um ano tenta derrubar o regime comandado por Bashar Al Assad, líderes dos grupos insurgentes começam a acenar com a possibilidade de um cessar fogo no conflito.
Neste sábado (31/03), um porta-voz dos rebeldes se comprometeu a suspender os ataques caso o governo retire os tanques e armamentos pesados dos redutos oposicionistas, em especial as cidades de Homs e Allepo. “Não podemos aceitar a presença de tanques e tropas em veículos entre a população. Não temos problema com o cessar-fogo”, disse Qassim Saad Al Din, comandante de um dos grupos insurgentes, à agência Reuters.
“Assim que removerem seus veículos blindados, não iremos disparar um único tiro”, assegurou Al Din.
Efe
Manifestante pró-Assad fica no chão após choque com a polícia de Istambul em protesto contra a reunião do grupo “Amigos da Síria”
Ontem, autoridades de Damasco já falavam abertamente em vitória contra os rebeldes após a tomada de Homs. “A luta para derrubar o Estado na Síria acabou de uma vez por todas e começou uma nova luta, a da consolidação da estabilidade e da construção da nova Síria”, disse o ministro de Relações Exteriores, Jihad Makdessi, segundo a agência estatal de notícias Sana.
Makdessi disse que a presença do Exercito em bairros das cidades onde se concentram os opositores é temporária, até que a situação esteja estabilizada. “O Exército não gosta de estar em zonas residenciais e irá abandoná-las assim que a segurança seja restabelecida”, disse.
Apesar da aparente distensão entre as partes, ontem e hoje houve conflitos em algumas partes da Síria, de acordo com a agência France Press. De acordo com dados das Nações Unidas, mais de 10 mil pessoas morreram no último ano na Síria, o que tem gerado forte pressão internacional sobre Assad.
O presidente sírio, por sua vez, alega estar enfrentando rebeldes armados pelo Ocidente e que a maior parte das baixas é de civis e membros das forças de segurança do país.
Negociações
Neste domingo (01/04), está sendo realizada na Turquia uma reunião do grupo “Amigos da Síria”, que reúne representantes de 84 países (incluindo Estados Unidos, França e Reino Unido), quase todos contrários ao regime do presidente Bashar Al Assad, acusado de reprimir com violência os opositores. Assm como já havia feito a França, o grupo decidiu reconhecer o CNS (Conselho Nacional Sírio) como o legítimo “representante de todos os sírios”. O CNS foi formado em Paris por sírios exilados e recebe abertamente o apoio de países ocidentais.
O encontro na Turquia ocorre em meio ao processo de negociações conduzido pelo ex-secretario-geral da ONU, Kofi Annan, que tem o apoio do Conselho de Segurança das Nações Unidas e Liga Árabe. O plano de paz já teria sido aceito por Assad, faltando a adesão dos rebeldes.
Rússia e China, os principais aliados do regime sírio, se recusaram a participar da reunião. Os dois países tem bloqueado, inclusive utilizando seu poder de veto, resoluções no Conselho de Segurança da ONU que condenem a repressão promovida pelo governo sem repreender igualmente a atuação dos rebeldes. O temor é que uma resolução das Nações Unidas abra espaço para uma intervenção estrangeira nos moldes do ocorrido no ano passado na Líbia.
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