Os sete pontos percentuais que separam o presidente Barack Obama do republicano Mitt Romney na mais recente pesquisa de intenção de voto dos Estados Unidos elevaram a intensidade das acusações entre as campanhas dos candidatos.
Se, de um lado, a hipótese de reeleição de Obama é retratada por republicanos como o prenúncio de uma “calamidade fiscal”, de outro, Romney surge como um homem de segredos, receoso em revelar as origens de seu patrimônio milionário.
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Embora o número de postos de trabalho nos EUA venha aumentando gradativamente ao longo da gestão do atual governo, Romney advertiu nesta terça-feira (17/07), durante um comício no Estado da Pensilvânia, que a reeleição do presidente significará inevitavelmente “níveis críticos de desemprego”.
Contrário ao projeto democrata de elevação da carga tributária sobre a parcela mais rica da população, ele acusa Obama de “atacar os que têm êxito” no país. Por pressão, o candidato republicano acabou revelando no último mês de janeiro que paga uma taxa efetiva de impostos em torno de 15%, número inferior aos encargos aplicados à maioria dos cidadãos.
Após passar dias repousando ao lado de sua família em seu sítio, no estado de New Hampshire, Romney voltou à rotina de campanha acusando o presidente de encabeçar um governo que se “intromete” na vida da população. Para a campanha republicana, Obama é um candidato que “insulta” grandes empresários como Henry Ford e Bill Gates ao considerar que muitos jamais teriam sido bem-sucedidos sem incentivos estatais.
Sob o lema “Obama. Eu vou mudar isso”, o ex-governador de Massachusetts denuncia que o governo de Obama favoreceu doadores que apoiam sua reeleição com dinheiro e contratos. A Casa Branca nega as acusações, mas Romney, ainda assim, se diz “envergonhado”.
Enquanto republicanos se referem ao presidente como um “muçulmano com agenda socialista” para os Estados Unidos, Obama viaja com sua campanha pelo Texas, estado conservador que não vota em favor de um candidato presidencial democrata desde 1976.
Efe
Já que Romney se recusa a publicar a razão que o levou a deixar a corretora de investimentos Bain Capital ou mesmo a revelar o volume de suas contribuições fiscais ao longo dos últimos dois anos, os democratas decidiram sintetizar boa parte de seu discurso no slogan “O que Mitt Romney está escondendo?”.
Romney acabou até mesmo comparado ao ex-presidente republicano Richard Nixon, que, dentro dos argumentos da campanha de Obama, teria sofrido um impeachment em 1974 justamente por conta de sua “devoção aos segredos”. Republicanos taxaram democratas de “injustos” em sua consideração e de tentarem, com ela, desviar as atenções da política econômica de Obama. A resposta veio no último domingo (15/07): Rahm Emanuel, prefeito de Chicago e partidário do presidente, pediu que opositores “parem de choramingar”.
Procurada pela agência Reuters, Linda Peek Schacht, professora de Comunicação Política na Universidade Lipscomb, no Tennessee, disse acreditar que os ataques de Obama “serão efetivos na medida com que a campanha de Romney continuar respondendo a eles de forma tão frágil”.
Para Julian Zelizer, da Universidade de Princeton, “o objetivo de Obama, no momento, é fazer Romney parecer realmente o rapaz rico, que ganha e esconde dinheiro de uma forma que a maioria das pessoas acharia questionável”. Nesse sentido, democratas também tentariam “subverter a promessa de algo novo, assim como os oponentes de Obama em 2008 recuperaram coisas de seu histórico em Chicago para sugerir que ele não era o que pensavam ser”.
Apenas temas religiosos não estão em jogo. Quando competiu pela Presidência, em 2008, o então candidato republicano John McCain se recusou a explorar supostas relações controversas de Obama com o pastor Jeremiah Wright. Na mesma medida, o agora candidato à reeleição se recusa a abordar o sigilo que envolve a atuação de Romney dentro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.