O primeiro-ministro britânico David Cameron, do Partido Conservador, disse ontem (3) que o Reino Unido está preparado para fechar as fronteiras para uma possível onda de imigração grega, caso o país deixe a zona do euro. O governo britânico estuda desde maio como bloquear cidadãos europeus em virtude da crise no continente.
Os controles de migração do Reino Unido estão entre os mais restritos do mundo, com dezenas de prisões e deportações diárias. A ala eurocética dos conservadores britânicos tem aventado a hipótese de um referendo para decidir se o país continua ou não parte do bloco econômico, o que romperia acordos de livre-circulação de pessoas e facilitaria o bloqueio de imigrantes.
“Nós obviamente temos planos de contingência para todos os tipos de eventualidades. Nossa posição legal é de que se existirem pressões extraordinárias, é possível tomar uma atitude e restringir os fluxos migratórios”, disse o premiê.
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Os gregos passam pela pior crise de sua história recente, com um déficit brutal. A taxa de desemprego no país, segundo dados publicados na segunda-feira (2), ultrapassa a casa dos 20%. Entre os jovens com menos de 25 anos, os números extrapolam os 50%.
Ao mesmo tempo, os britânicos são estimulados a passar suas férias de verão na Grécia, já que o país em crise pode oferecer preços atrativos. Na imprensa britânica mais à direita, a alternativa é vista como uma maneira de “ajudar o povo grego”.
Segundo Cameron, ainda é cedo para decidir se haverá ou não um referendo sobre a permanência do Reino Unido no bloco econômico, mas seu governo tem mostrado sinais de que um rompimento é possível, especialmente por conta do relacionamento estremecido com os governos de França e Alemanha.
No final do ano passado, o governo britânico rejeitou o acordo fiscal imposto pela União Europeia para regulamentar a taxação dos bancos. Temendo fuga de capital para paraísos fiscais na Ásia, Cameron preferiu atender à ala eurocética de seu partido. Ele disse “sim” aos bancos e “não” à Europa.