Atualizada às 17:22
O presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou nesta quarta-feira (28/06) que o retorno dos nove bolivianos detidos pelo Chile e condenados pela Justiça do país na semana passada é “uma nova vitória” de La Paz sobre Santiago.
Após passar mais de três meses na prisão depois de serem presos pela polícia chilena na fronteira entre os dois países no dia 19 de março, os dois militares e sete funcionários da alfândega voltaram ontem à Bolívia. Eles foram recebidos por familiares e cidadãos bolivianos na fronteira e pelo presidente e ministros do país no Palácio de Governo, em La Paz.
“Graças a vocês, Bolívia tem novamente uma vitória diante do Chile e do mundo inteiro”, disse Evo. A primeira vitória seria a decisão da Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, na Holanda, que em 2015 reconheceu sua competência para julgar a demanda por acesso ao mar apresentada por La Paz contra Santiago.
O presidente boliviano também disse que há “uma agressão econômica permanente” do Chile contra a Bolívia e não descartou represálias pelo caso dos nove cidadãos condenados.
Agência Efe
Evo Morales em meio a Alvaro García Linera, vice-presidente, e Fernando Huanacuni, chanceler boliviano, conversa com cidadãos condenados pelo Chile e liberados ontem (28/06)
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Os nove cidadãos bolivianos passaram os últimos 101 dias presos em Iquique, no norte do Chile, após serem detidos em um incidente fronteiriço perto de Pozo Almonte. Segundo a Bolívia, eles atuavam em uma operação contra o contrabando no limite entre os dois países e não passaram da fronteira boliviana; já o Chile afirma que eles foram presos ao tentar roubar caminhões em território chileno.
No dia 21, a juíza chilena Isabel Peña ditou a sentença que condenou os nove bolivianos a três anos de prisão, que poderiam ser substituídos pela expulsão deles do país dentro de 30 dias, o pagamento de uma multa de cerca de 50 mil dólares (cerca de 166 mil reais) e a proibição de entrada no Chile pelos próximos 10 anos para os funcionários da alfândega e 20 anos para os militares. O governo da Bolívia pagou a multa na terça-feira (27/06), liberando o retorno dos nove ao país.
“Saímos fortalecidos como bolivianos, porque hoje existe uma nova Bolívia. Certamente pensaram que vamos ter medo, e quero lhes dizer, com a cabeça erguida, que não temos medo do Chile, já estamos em outro tempo”, disse o presidente no encontro de ontem.
No domingo, Evo afirmou que “a Justiça chilena está subordinada a uma política de agressão”, em referência à tensão entre os dois países pela demanda da Bolívia em Haia pelo acesso ao mar, que perdeu após tratado de 1904 concretizar a conquista, pelo Chile, da província de Antofagasta – originalmente território boliviano –, depois da Guerra do Pacífico.