Autoridades ucranianas participaram nesta quarta-feira (14/05) de uma mesa de negociações organizada por países ocidentais para tentar diminuir a tensão no país, mas a iniciativa fracassou e nenhum resultado foi obtido. Em vez disso, o governo interino afirmou que não vai ceder à “chantagem” dos separatistas pró-Rússia, que controlam a região leste.
A primeira sessão de diálogos, incentivada pela OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação da Europa), foi presidida pelo primeiro-ministro interino da Ucrânia, Arseni Yatseniuk, e não contou com a presença dos grupos separatistas, vetados por Kiev.
Apesar da proibição à presença de insurgentes, na abertura das conversas o presidente interino, Aleksandr Turchinov, afirmou que a Ucrânia estava “pronta” para ouvir os líderes do leste. Logo em seguida, entretanto, ele se recusou a ceder ao que chamou de “chantagem” desses grupos, que “impõem a vontade” da Rússia.
“Aqueles que, com armas nas mãos, travam uma guerra contra o seu próprio país (…), que nos impõem a vontade do país vizinho responderão na Justiça”, declarou Turchinov. Em comunicado conjunto liberado mais cedo, o presidente e Yatseniuk haviam dito que estavam dispostos a conversar “com todo mundo que tenha objetivos claros (…) e não tenha sangue em suas mãos”.
Os participantes da “mesa redonda” de diálogos pediram a organização de uma nova rodada de negociações, desta vez em Donetsk, mas não houve uma decisão.
Agência Efe
Vista geral da mesa de negociação em Kiev: governo, ministros e parlamentares participaram da iniciativa da OSCE
Enquanto isso, a Rússia voltou a criticar as ações das autoridades de Kiev. Serguei Lavrov, ministro das Relações Exteriores russo, afirmou que o país onde “ucranianos matam ucranianos” está “à beira da guerra civil”. Na terça-feira (13/05), um ataque de separatistas deixou sete soldados ucranianos mortos.
Embates
Quase todos os dias, soldados ucranianos e separatistas se enfrentam na região de Slaviansk, no leste do país. O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, pediu ontem a “mobilização de toda a UE e da Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte] frente ao risco ou à ameaça de uma queda do Estado ucraniano ou, pelo menos, de uma divisão muito dolorosa”.
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Denis Patkovski, membro do grupo separatista que atua na região de Donetsk, disse à Associated Press que “o governo em Kiev não quer ouvir as pessoas de Donetsk. Eles apenas chegam aqui com suas armas”.
Momento tenso
A mesa de negociações ocorreu logo depois de as regiões de Donetsk e Lugansk terem declarado sua independência da Ucrânia, baseando-se em referendos realizados no domingo (11). Tanto a Ucrânia quanto os Estados Unidos não reconheceram a legalidade das consultas.
Mais de dez soldados ucranianos morreram nesta semana em enfrentamentos com os grupos armados que comandam as cidades separatistas de Slaviansk e Kramatorsk. O saldo representa a maior baixa nas forças ucranianas desde a eclosão do conflito — fato que contribuiu para aumentar a descrença sobre as negociações patrocinadas pela OSCE.
Hoje, a “República Popular de Donetsk” anunciou a criação de seu próprio órgão legislativo, que em sua primeira reunião aprovou um projeto de Constituição. “Formamos um Conselho Supremo com 150 deputados. Durante a primeira reunião, foi decidida a criação de um Conselho de Segurança e foi aprovado um projeto de emenda constitucional”, afirmou Miroslav Rudenko, co-presidente da república separatista, à agência russa Interfax.