O presidente da Bolívia, Luis Arce, empossou a líder indígena Sabina Orellana como a nova ministra da Cultura da Bolívia marcando o retorno da pasta ao governo após a mandatária autoproclamada Jeanine Áñez extinguir o Ministério.
A pasta da ainda contará com dois vice-ministros que assumirão os setores de Descolonização, Despatriarcalização e Interculturalidade, Pelagio Condori e Cergio Prudencio Bilbao, respectivamente.
O Ministério da Cultura, Descolonização, Despatriarcalização e Interculturalidade existe, com esse nome e essas funções, desde 2009, quando foi instituído pelo então presidente Evo Morales.
Após o golpe de novembro de 2019, que forçou a renúncia de Morales e levou a ex-senadora Jeanine Áñez a se autoproclamar presidente, a pasta foi extinta.
“Assumir a administração deste Ministério é um grande desafio para nós, especialmente para as mulheres indígenas, porque sempre nos menosprezaram”, disse a nova ministra ao tomar posse na última sexta-feira (20/11).
Liderança indígena da etnia quechua, Orellana integra a Confederação Bartolina Sisa e já assumiu diversos cargos no movimento social.
ABI
‘Um grande desafio para as mulheres indígenas’, disse Orellana
A nova titular da Cultura afirmou que, durante sua gestão, irá prevalecer o símbolo indígena da Whipala, bandeira que foi diversas vezes hostilizada durante os atos golpistas de 2019.
“Humilharam e agrediram a mulher indígena apenas por ela ser indígena e queimaram nosso símbolo da pátria, nunca mais alguém deve agredir nosso símbolo”, disse.
Sobre os vice-ministros de Descolonização e Interculturalidade, Orellana afirmou que descolonizar espaços e memória “é uma responsabilidade coletiva e é uma tarefa que devemos aprofundar”.
“O colonialismo e o patriarcado se baseiam no estabelecimento de relações desiguais e injustas, portanto descolonizar e despatriarcalizar é reverter essa desigualdade entre nacionalidades e entre homens e mulheres”, afirmou.