Em viagem ao Haiti, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, anunciou hoje (17) uma ajuda de 444 milhões de dólares ao país caribenho, quantia que inclui a anulação da dívida de 76 milhões de dólares com Paris e mais 245 milhões de dólares para a reconstrução, entre outras medidas.
A ajuda francesa incluirá o fornecimento de mil barracas e 16 mil lonas para abrigar 200 mil pessoas durante o período de chuvas, que geralmente começa no fim de março ou em abril. A França também providenciará 10 especialistas para trabalhar junto com o primeiro-ministro haitiano, Jean-Max Bellerive, e sua equipe nos esforços de reconstrução durante dois anos. Outros especialistas terão missões de curto prazo.
Esta semana, o presidente René Préval disse que o trabalho de remoção dos escombros levará ainda três anos para ser concluído. “Serão necessários mil caminhões removendo entulho por mil dias, portanto serão três anos. E até retirarmos os escombros, não podemos construir”, disse ele em entrevista à agência de notícias francesa AFP.
O governo francês prometeu também realizar um estudo preparatório para reconstruir o Palácio Presidencial de Porto Príncipe, que desabou parcialmente durante o tremor.
“Cabe primeiro aos haitianos e apenas a eles definir um verdadeiro projeto nacional e, depois, conduzi-lo, porque se trata de seu país e de seu futuro. Vim dizer ao povo haitiano e aos seus dirigentes que a França, que foi a primeira a chegar no local após a catástrofe, permanecerá solidamente ao seu lado para ajudá-los a se recompor e a abrir uma nova página feliz de sua história”, declarou ao chegar na capital.
Diplomacia
Sarkozy, que foi recebido pelo presidente haitiano, René Preval, é o primeiro presidente da França a visitar a ex-colônia francesa. Ele fez o anúncio durante uma entrevista coletiva concedida junto ao colega haitiano, com quem se reuniu para ter detalhes dos projetos de reconstrução após o terremoto de 12 de janeiro, que matou pelo menos 217 mil pessoas.
Segundo Sarkozy, o objetivo da visita é superar um histórico de relações difíceis entre a França e o Haiti, que conquistou sua independência em 1804, após uma sangrenta revolta dos escravos contra os senhores.
O Haiti se tornou então a primeira república independente da América Latina. Com esse processo, porém, teve inicio a dívida externa haitiana, já que a França, antiga metrópole, exigiu indenização pelos escravos “perdidos” na independência.
Além das visitas a hospitais e de sobrevoar locais destruídos em Porto Príncipe com um helicoptero, o presidente francês deve se reunir com líderes do Haiti para ratificar a ajuda financeira e o plano de recuperação.
Economistas do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) estimam que o custo de reconstruir o Haiti após o terremoto possa chegar a quase 14 bilhões de dólares, o que faz do terremoto de janeiro, em termos proporcionais, a catástrofe natural mais destrutiva dos tempos modernos.
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