O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, voltou a descartar nesta sexta-feira (28/01) as intenções do Kremlin em iniciar um conflito com a vizinha Ucrânia.
“Se depender da Rússia – não haverá guerra. Não queremos guerras, mas também não permitiremos que os nossos interesses sejam grosseiramente espezinhados e ignorados”, disse o chanceler em coletiva realizada nesta manhã.
As declarações ocorrem em meio a uma escalada de tensão entre Moscou e Kiev. Segundo a Otan e países do Ocidente, tropas russas se movimentam na fronteira ucraniana e preparam uma invasão. O Kremlin nega e exige que a Otan interrompa seus planos expansionistas no leste da Europa.
Sobre as negociações com a aliança militar ocidental, Lavrov disse que as propostas de segurança apresentadas pela Rússia não são excessivas.
“Nossas propostas, que foram apresentadas aos americanos e à Otan em 15 de dezembro, podem parecer excessivas se quem avaliar partir do princípio que ‘bem, os americanos já tomaram tudo ao redor de vocês, para que vocês estão fazendo alarde e se preocupando com isso? Aceitem o que há e se limitem ao mínimo que têm.’ Não, nós queremos que trabalhem conosco de forma honesta”, disse o chanceler.
Lavrov ainda falou sobre as ameaças de sanções dos EUA contra a Rússia e disse que sua eventual imposição equivaleriam à ruptura das relações com Washington.
Kremlin
“Em relação às ameaças de sanções, foi dito aos americanos, nomeadamente, durante os contatos entre os presidentes, que o pacote [de sanções] que tem sido mencionado e que sugere um desligamento completo dos sistemas financeiros e econômicos controlados pelo Ocidente, seria equivalente a uma ruptura das relações. Isso foi dito de forma clara e eu acho que eles entendem isso”, afirmou o chanceler.
Ainda segundo o ministro russo, os EUA estariam utilizando o presidente ucraniano Vladimir Zelensky para aumentar as tensões em torno da Rússia.
“Zelensky e seu regime são usados principalmente pelos americanos para aumentar as tensões, usando os seus criados na Europa, que sempre alinham com eles em suas iniciativas russofóbicas. E o principal objetivo de Washington aqui não é de modo algum o destino da Ucrânia – para eles é importante escalar as tensões em torno da Rússia, a fim de ‘fechar’ este assunto e depois lidar com a China, tal como escrevem os próprios cientistas políticos americanos”, afirmou.
Biden ameaça impor sanções diretas contra Putin
Na última terça-feira, o presidente dos EUA, Joe Biden, ameaçou impor sanções diretamente contra Vladimir Putin em caso de uma invasão russa ao territóerio ucraniano.
Biden afirmou que, se a Rússia invadir a Ucrânia com seus estimados 100 mil soldados estacionados perto da fronteira, esta seria “a maior invasão desde a Segunda Guerra Mundial” e “mudaria o mundo”.
Ao ser então questionado se consideraria a possibilidade de impor sanções diretamente contra Putin se a Rússia invadisse a Ucrânia, Biden respondeu que sim.