O governo interino da Ucrânia concordou em sentar-se à mesa de negociação para discutir a resolução das tensões no país, que já duram meses. Apoiado por Moscou e visto com desconfiança por Kiev, o diálogo é uma iniciativa da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação da Europa) e discutirá a viabilidade de conceder mais autonomia a certas regiões da Ucrânia. No entanto, não participarão da conversa as lideranças dos grupos separatistas pró-russos de Donetsk ou Lugansk — regiões de língua russa que declararam independência nesta semana após a realização de referendos.
Agência Efe
Vista geral da mesa de negociação em Kiev: governo, ministros e parlamentares participaram da iniciativa da OSCE
O primeiro-ministro ucraniano, Arseniy Yatseniuk, preside a primeira rodada de negociações nesta quarta-feira (14/05), que conta com a presença de ministros, parlamentares, governadores, outras autoridades regionais e alguns candidatos à eleição presidencial de 25 de maio. O plano da OSCE — instituição transnacional que inclui Rússia e EUA — era que o diálogo fosse o mais inclusivo possível. No entanto, Kiev vetou a participação dos grupos separatistas que comandam de facto as regiões no leste do país.
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“O governo em Kiev não quer ouvir as pessoas de Donetsk”, disse Denis Patkovski, membro do grupo que atua em Slavianski, em Donetsk. “Eles apenas chegam aqui com suas armas”, disse à AP.
“Estamos prontos para conversar com todo mundo que tenha objetivos políticos legítimos, esteja pronto para persegui-los por meios legais e não tenha sangue em suas mãos”, disseram o presidente interirno, Aleksandr Turchinov, e o premiê Yatseniuk em comunicado conjunto, no qual classificam os separatistas de “terroristas”.
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Em Bruxelas, o premiê agradeceu os esforços da OSCE mas afirmou que a Ucrânia tem seus próprios planos para pôr fim à crise e que a população do país deve resolver sozinha suas questões. No entanto, os pormenores do plano não foram detalhados, mas, segundo reportou a Reuters, será difícil que Kiev leve adiante a dicussão de “federalizar” o país, ideia apoiada por separatistas e incentivada por Moscou.
Agência Efe
Homem caminha tranquilamente em frente a barricada na região separatista de Donetsk
Diálogo em momento tenso
Após a realização do referendo, a autproclamada “República Popular de Donetsk” declarou que os militares ucranianos — responsáveis por mais de 50 mortes desde o início da “operação antiterrorista” lançada por Kiev — seriam considerados “forças de ocupação” no território. Mais de dez soldados ucranianos morreram nesta semana em enfrentamentos com os grupos armados que comandam as cidades separatistas de Slaviansk e Kramatorsk. O saldo representa a maior baixa nas forças ucranianas desde a eclosão do conflito — fato que contribuiu para aumentar a descrença sobre as negociações patrocinadas pela OSCE.
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Também hoje, a “República Popular de Donetsk” anunciou a criação de seu próprio órgão legislativo, que em sua primeira reunião aprovou um projeto de Constituição.
“Formamos um Conselho Supremo com 150 deputados. Durante a primeira reunião, foi decidida a criação de um Conselho de Segurança e foi aprovado um projeto de emenda constitucional”, afirmou Miroslav Rudenko, co-presidente da república separatista, à agência russa Interfax.
(*) Com informações da Agência Efe