O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira (17/12) que será “difícil, se não impossível” chegar a um acordo com o atual governo da Turquia, país presidido por Recep Tayyip Erdogan. Putin se referiu à derrubada de um avião militar russo pela Turquia no fim de novembro, próximo à fronteira com a Síria. O episódio instaurou uma crise diplomática entre os dois países, com críticas públicas entre os dois governos e a adoção de sanções econômicas de Moscou contra Ancara.
EFE
Com palavras de baixo calão, Putin sugeriu que a Turquia agiu sob os interesses dos EUA
“O que eles conseguiram [com a derrubada do avião]? Talvez eles acharam que nós iríamos sair de lá [Síria]? Mas a Rússia não é um país assim”, disse Putin a jornalistas em uma entrevista coletiva anual no Kremlin, sede do governo russo, se referindo à derrubada do caça como um “ato hostil” de Ancara. Após a queda do avião, Putin declarou que a Turquia havia abatido o caça russo para preservar o suposto tráfico de petróleo que teria com o EI (Estado Islâmico). A Rússia diz bombardear alvos do EI na região, incluindo poços e itinerários do comércio de petróleo.
O presidente da Rússia também sugeriu que a Turquia pode ter agido sob os interesses de Washington. “Se alguém da liderança turca decidiu lamber os norte-americanos em certo lugar, não sei se fez a coisa certa”, afirmou.
Segundo Putin, existe uma “islamização assustadora na Turquia que teria feito Atatürk [fundador da atual República da Turquia e primeiro presidente do país] se remexer no túmulo”. Erdogan e o primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, são do partido AKP, de orientação islâmica.
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Ucrânia
Pela primeira vez, Putin assumiu que a Rússia exerceu presença militar no leste da Ucrânia. “Nunca dissemos que não havia pessoas que desempenhavam certas tarefas [na Ucrânia], inclusive na esfera militar”, afirmou Putin na entrevista. Moscou negou em várias oportunidades o envio de tropas à Ucrânia, desde o começo do conflito na região, em 2013.
Corrida presidencial nos EUA
Na entrevista, Putin falou também sobre a corrida para as eleições presidenciais dos Estados Unidos. O presidente russo se referiu ao pré-candidato republicano Donald Trump, que atualmente lidera as pesquisas pela nomeação do Partido Republicano, e adotou um tom receptivo em relação ao magnata norte-americano.
“Ele [Trump] diz que deseja levar as relações com a Rússia para um patamar mais profundo. Como podemos não dar as boas-vindas [a essa intenção]? É claro que damos”, disse Putin, que se referiu a Trump como “uma pessoa ilustre e talentosa”.
Esporte
Em referência ao recente escândalo de doping da delegação russa de atletismo, que levou ao banimento dos atletas russos do esporte para as Olimpíadas de 2016, Putin diz ser contra o doping, porque ele “destrói o princípio do esporte competitivo”.
Também no campo dos esportes, o presidente russo disse que o ex-presidente da FIFA (Federação Internacional de Futebol) Joseph Blatter, que renunciou após um grande escândalo de corrupção ser deflagrado na entidade, merece ser laureado com o prêmio Nobel da Paz. Blatter presidiu a FIFA de 1998 a 2015.