Agência Efe
MIlhares protestaram contra reforma previdenciária em diversas cidades francesas; medida ainda deve ser aprovada por Senado
A Assembleia Nacional da França aprovou nesta terça-feira (15/10) uma reforma no sistema previdenciário do país proposta pelo governo do socialista François Hollande. Durante a votação, milhares de franceses saíram às ruas para protestar, mais uma vez, contra a medida, que ainda deve passar pelo crivo do Senado.
O plano estende o período de contribuição previdenciária de 41,5 para 43 anos até 2035, aumentando, assim, o tempo de trabalho exigido para empregados conseguirem se aposentar com salário cheio. Também está previsto que tanto empregados, quanto empregadores, paguem mais à previdência.
Contra as mudanças, sindicatos, movimentos sociais e partidos de esquerda organizaram protestos em Paris e outras cidades, como Marseille, Toulouse e Lyon, nesta terça (15/10) e no dia 10 de setembro, logo depois do presidente Hollande anunciar a proposta. Cerca de 370 mil pessoas participaram da primeira manifestação; um número bem inferior aos protestos de 2010, quando o então presidente Nicolas Sarkozy anunciou o aumento da idade de aposentadoria de 60 para 62 anos.
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“Este não é o tsunami, você não pode ter 3 milhões de pessoas na rua toda hora”, disse o secretário-geral do sindicato Força dos Trabalhadores, Jean-Claude Mailly. “Mas por termos ido além dos círculos ativistas, é uma boa mobilização”, conclui ele. Para a central francesa, a lógica da reforma produz regressões na área social.
Essa não é a opinião de sindicatos mais moderados, como a CFDT (Confederação Francesa Democrática do Trabalho, na sigla em francês), que, dessa vez, não aderiram aos protestos; pelo contrário, suas lideranças realizaram conversas com Hollande sobre a reforma previdenciária. “Por que entrar em greve?”, questionou Laurent Berger, líder do CFDT. “Qualquer emenda que desejarmos, podemos obter no parlamento”.
Austeridade
A reforma tem como finalidade diminuir o déficit orçamentário francês, que, segundo a União Europeia, não pode seguir a tendência de crescimento e atingir 20 bilhões de euros em 2020. Segundo a Comissão Europeia, o órgão executivo do bloco, o sistema previdenciário francês não pode “sobrecarregar” empregadores – que pagam as taxas mais altas do continente.
As mudanças introduzidas pelas administrações de Sarkozy e Hollande já alteram essa tendência, mas economistas favoráveis ao programa de austeridade indicam que a reforma ainda não é suficiente. De acordo com esses, o programa tem três problemas principais: não terá efeito para a geração dos chamados “baby boomers” (nascidos entre 1945 e 1964), deixando de resolver o problema de sua aposentadoria; não exige que as pessoas trabalhem o tempo suficiente e ignora os acordos especiais de alguns trabalhadores de se aposentarem mais cedo, o que contabiliza cerca de dois terços do sistema previdenciário.