Em reunião organizada para manifestar oposição à tomada da paraestatal Companhia de Luz e Força do Centro (LyFC) pelo governo, se juntaram pela primeira vez forças do movimento cidadão, encabeçado por Andrés Manuel Lopez Obrador, do PRD (Partido da Revolução Democrática) e o sindicato mais antigo e combativo do México, o Sindicato Mexicano de Eletricistas (SME).
Antes Movimento de Resistência Civil Pacífica em Defesa do Petróleo, o movimento cidadão, formado por professores, trabalhadores, estudantes, atores e outros representantes da sociedade civil, é uma organização que se mobiliza ao redor de temas específicos do país, como tentativas de privatização.
Lopez Obrador, falando em um palanque, afirmou que a tentativa de privatizar a LyFC faz parte de uma estratégia política, que “estaria afogando a economia do país”. Com um gesto simbolicamente forte e inédito, chamou o secretário-geral da SME, Martin Escarza, para que se juntasse a ele como convidado especial.
Mario Guzmán/EFE (12/09/2009)
Trabalhadores protestam fora da Câmara dos Deputados, na Cidade do México
“Os trabalhadores têm sua liderança legal e legítima”, disse Lopez Obrador. “Não queremos substituir ninguém. Sob o comando de Martin Escarza vamos apoiar o movimento de resistência cidadã pacífica.”
Martin Esparza confirmou a histórica aliança entre sindicato e movimento cidadão, fazendo uma denúncia contra o governo de Felipe Calderón.
“Aquele que vive em Los Pinos (sede do governo mexicano) justifica seu decreto com gastos e privilégios dos trabalhadores, que já não seriam sustentáveis. O presidente deveria se dar conta das cerca de seis mil empresas que têm contas especiais, de outras indústrias e de algumas dependências do setor público que não pagam luz, como a Presidência da República, a Torre Maior na avenida do Paseo, assim como os jornais Uno más Uno e Reforma.”
Governo
O governo justifica sua intervenção argumentando que a LyFC apresenta “comprovada ineficiência operacional e financeira”, tem um passivo trabalhista de 240 bilhões de pesos (18 bilhões de dólares) e seus custos “são quase o dobro de sua receita por vendas”.
No decreto, o presidente afirma que desde sua criação a LyFC “não cessou de receber transferências orçamentárias numerosas, as quais longe de diminuir aumentaram nos últimos anos “. Essas transferências, disse Calderón, aumentaram em mais de 200% entre 2001 e 2008.
Também assegurou que “os resultados reportados pela Luz e Força do Centro são notavelmente inferiores em relação a empresas ou organismos que prestam o mesmo serviço em nível internacional”.
Manifestação
A aliança entre sindicato e movimento pretende levar às ruas centenas de milhares de pessoas, em uma marcha que se realizará na tarde de quinta-feira (15), desde o Paseo de la Reforma até o Zocalo capitolino.
Lopez Obrador afirma que o governo não deixou nenhuma saída para os trabalhadores e que por isso o movimento deve seguir em frente. Nos próximos dias será construída uma comissão entre o sindicato e o movimento para estudar as estratégias de luta.
Debaixo de forte chuv,a o encontro de ontem terminou com Martin Escarza convocando todos a manifestarem-se, dizendo que a LyFC e seu sindicato, nascido em 1914, seguem de pé. “Mesmo com a falta de investimentos e de infraestrutura, mantemos a maior cidade do mundo acesa”.
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