Pelo menos 58 pessoas – entre elas 11 crianças – morreram e dezenas ficaram feridas nesta terça-feira (04/04) em um suposto bombardeio químico na cidade de Khan Shijun, no sul da província de Idlib, no norte da Síria, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH). O governo sírio e a Rússia negam categoricamente qualquer tipo de envolvimento.
A ONG, que citou fontes médicas e ativistas, informou que alguns dos feridos no ataque realizado por aviões não identificados apresentavam sintomas de asfixia, vômito e dificuldades para respirar. O OSDH não descartou que o número de mortes aumente porque há feridos em estado grave.
A Defesa Civil Síria em Idlib, integrada por voluntários que prestam trabalhos de resgate em áreas fora do controle do governo, informou em sua página do Facebook que, por enquanto, os médicos não puderam identificar o tipo de gás utilizado no ataque a Khan Shijun.
De acordo com os dados da Defesa Civil da Síria, cujos ativistas também são conhecidos como “capacetes brancos”, o número de vítimas chega a 50 mortos e 250 feridos, a maioria deles menores e mulheres. A nota destacou que alguns feridos apresentavam espasmos e espumavam pela boca.
O diretor do Centro de Informação de Idlib, que faz oposição ao governo sírio, Obeida Fadel, acusou aviões de guerra das forças governamentais sírias de terem realizado o ataque em Khan Shijun. “Pouco depois do ataque, começou a se expandir um cheiro de gás pela cidade”, disse Fadel.
Governo sírio nega envolvimento
O governo sírio, por sua vez, nega qualquer envolvimento neste suposto ataque. “Essas alegações são nulas e sem efeito. Aviões sírios e russos jamais utilizaram armas químicas em sua luta contra o terrorismo”, disse a fonte, que pediu anonimato, à Agência Efe.
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Reprodução/Edlib Media Center
Uma das vítimas sendo tratadas após o suposto ataque químico no norte da Síria
O militar afirmou que as forças sírias e seus aliados “têm como alvo grupos terroristas, não civis”, e acrescentou que seu país continuará a luta contra com terrorismo até que conquiste a vitória.
A Rússia também negou categoricamente que algum de seus aviões tenha bombardeado Khan Sheikhoun. “Os aviões das forças aéreas da Rússia não efetuaram ataque na região em torno da cidade de Khan Sheikhoun, na província de Idlib”, informou o Ministério da Defesa da Rússia em comunicado.
Veículos de imprensa ocidentais, que citaram o OSDH, informaram que aviões da Rússia ou da Síria atacaram com armas químicas as imediações dessa cidade. Sobre esse assunto, a nota oficial russa afirma que não é a primeira vez que a agência de notícias Reuters toma a iniciativa de propagar “falsidades antirrussas”.
“Isto só causa uma grande pena”, disse o Ministério da Defesa russo em comunicado.
Conselho de Segurança
As autoridades francesas solicitaram nesta terça uma reunião urgente do Conselho de Segurança das Nações Unidas por conta do suposto ataque.
“O uso de armas químicas constitui uma violação inaceitável da Convenção sobre a Proibição de Armas Químicas e é um novo reflexo da barbárie da qual a população síria é vítima há tantos anos”, declarou o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Marc Ayrault, em comunicado.
“Condeno com veemência este ato desprezível”, acrescentou Ayrault, que pediu que cada um “assuma suas responsabilidades” perante fatos “de tamanha gravidade e que são uma afronta à segurança internacional”.