Apesar de a economia uruguaia estar em ritmo lento, assim como a maioria dos países após o início da crise econômica, a população do país aprova cada vez mais o governo do presidente Tabaré Vázquez.
Segundo pesquisa divulgada na quarta-feira (17) pelo instituto Equipos Mori, a administração como um todo tem aprovação de 56% e o presidente, de 61% – contra 53% e 60% na pesquisa anterior, realizada em fevereiro de 2009.
O PIB (Produto Interno Bruto) uruguaio diminuiu 2,9% no primeiro trimestre desse ano, em comparação com o quarto trimestre do ano passado. Caiu de 188.178.389 de pesos uruguaios no quarto trimestre de 2008 para 173.099.479 de pesos no primeiro trimestre de 2009, segundo os dados divulgados pelo Banco Central nesta semana.
A coordenadora do Instituto de Economia da Universidade de Montevidéo, Gabriela Morvecki, disse em entrevista ao Opera Mundi que os setores mais afetados da economia foram as exportações, a indústria automotiva e do couro para assentos de automóveis, a química, a têxtil e a agropecuária.
A economista explicou que, como em 2008 o ritmo da economia estava muito acelerado, os efeitos da crise econômica mundial só trouxeram conseqüências no início desse ano. Em sua avaliação, as principais causas dessa diminuição são a queda das exportações, a redução do consumo interno e a seca, que está mais forte em 2009 e prejudicou a produção de leite e de gado.
A economia do Uruguai é baseada no setor agropecuário, caracterizado pela criação de gado bovino e ovino. Produtos como carne, lã, couro e derivados lácteos são destinados em sua maioria à exportação.
“As pessoas não deixaram de consumir por falta de dinheiro, ou porque estão desempregadas. Mas no Uruguai há um medo muito grande da crise, de que aconteça aqui o que acontece em outros países”, afirmou.
De acordo com a pesquisa feita pelo instituto Equipos Mori, 35% dos entrevistados acreditam que a economia do país estará melhor ou muito melhor dentro de um ano, enquanto 35% acham que estará igual, 18% preveem uma piora e 12% não souberam responder. Quanto à atual situação econômica, 24% consideram “boa ou muito boa”, 50% regular e 26% “ruim ou muito ruim”.
O “índice de confiança” da economia é o mais alto desde junho de 2008, com seis pontos positivos, numa escala que vai de -70 à +20.
Os níveis de preocupação pela insegurança pública, desemprego e situação econômica/social se mantêm na mesma ordem e estáveis em relação a medições anteriores, indicou a pesquisa.
Segundo as cifras oficiais do país, no Uruguai o desemprego ficou em 8,3% da população economicamente ativa no final do mês de abril, com um aumento de 0,7% em relação ao mesmo período do ano passado.
Gabriela afirmou que este aumento do desemprego é pouco significativo e que o “número de postos e trabalho não diminuiu, mas houve uma redução do número de horas trabalhadas” em cada um desses setores afetados, por conta da diminuição do ritmo econômico. No país, há quase oito mil beneficiários do programa bolsa-desemprego.
Diminuição das exportações
Durante março, as exportações ficaram em 393 milhões de dólares, diminuindo 61 milhões, 13,4%, em relação ao mesmo período de 2008.
No primeiro trimestre do ano, as vendas ao exterior ficaram em 1,144 bilhões de dólares, 189 milhões a menos, com redução de 14%, em comparação com o primeiro trimestre de 2008. As informações são do instituto estatal Uruguay XXI.
Previsão de crescimento
O Ministro da Economia, Álvaro García, anunciou uma correção na previsão do crescimento do PIB em 2009, de 3% para 2%. García atribuiu a diminuição à queda nas exportações e à indústria manufatureira no primeiro trimestre do ano.
A taxa de crescimento do PIB uruguaio em 2008 foi de 8,9% e, em 2007, de 7,6%.
Medidas
Para tentar conter os efeitos da crise econômica, Tabaré Vázquez, que está no último ano de governo, tomou algumas medidas específicas no início desse ano com o objetivo de ajudar os setores mais prejudicados, oferecendo linhas de crédito e criando políticas fiscais, por exemplo.
No fim do ano passado, um mesmo levantamento da Equipos Mori demonstrou que a aprovação popular do atual presidente era de 49% e, em fevereiro deste ano, subiu para 53%. O estudo destacou que o apoio à gestão do atual governo, o primeiro socialista na história do país, alcançou o nível mais alto desde setembro de 2005, ano em que Vázquez assumiu o mandato. O índice mais baixo foi de 40% em janeiro de 2007.
Vázquez terminará o mandato em 1º de março de 2010. Ele é membro da coalizão Frente Ampla, que está liderando as pesquisas de intenções de voto para as próximas eleições, no dia 25 de outubro.
Foram entrevistadas 1.500 pessoas com mais de 18 anos em áreas rurais e urbanas de todo país. Essa amostragem representa 4,4% da população uruguaia, de cerca de três milhões e quatrocentas pessoas.
NULL
NULL
NULL