Um grupo de 300 torcedores organizados do clube israelense de futebol Beitar tentou linchar trabalhadores árabes em um centro comercial de Jerusalém.
Na última segunda-feira (19/03), “A Família”, como o bando é conhecido, entrou no shopping center Malha, no bairro de mesmo nome, vizinho ao estádio Teddy Kollek para comemorar a vitória contra o rival Bnei Yahuda, de Tel Aviv, em jogo válido pela liga israelense. Ao ocuparem a praça de alimentação, no segundo andar do estabelecimento, começaram a entoar canções contra o rival Hapoel Tel Aviv e os cidadãos árabes.
Após minutos escutando slogans como “Morte aos árabes”, “Os árabes são terroristas” e “Maomé está morto”, alguns funcionários árabes recorreram a rodos e vassouras para se defenderem de ameaças mas, em poucos segundos, foram agredidos e perseguidos pelos torcedores. “Foi um verdadeiro pesadelo. Trezentas pessoas contra meus quatro funcionários”, disse o proprietário de um dos estandes. Algumas mulheres de origem árabes que estavam no local afirmaram terem sido gratuitamente ofendidas e cuspidas.
A polícia de Jerusalém informou que nenhum torcedor foi preso ou indiciado, já que ninguém apresentou queixa. Mesmo com o incidente tendo sido gravado por câmeras do estabelecimento e pessoas no local.
Histórico
O Beitar é conhecido por sua identificação com a direita nacionalista e tem o costme de entoar cânticos racistas dentro e fora dos estádios. Já o rival Hapoel Tel Aviv conta com a preferência de parte da esquerda israelense. Enquanto as demais equipes da primeira divisão israelense contam com jogadores árabes em suas fileiras (com nacionalidade israelense ou não), o clube aurinegro se orgulha por nunca ter escalado um jogador dessa etnia em seus 76 anos de história.
Em 2005, o atual presidente Arkady Gaidamak, de origem russa, comprou o clube e doou 400 mil dólares ao rival Bnei Sakhnin, de jogadores árabe-israelenses, e tentou comprar um jogador árabe, o que nunca ocorreu devido a protestos violentos da torcida.
A confusão só não tomou proporções maiores em razão da intervenção das forças de segurança internas do estabelecimento, e de policiais que chegaram minutos depois. Após receberem murros e chutes, os funcionários árabes foram atendidos no local, mas não foram conduzidos ao hospital mais próximo.
Desculpas
A diretoria do Beitar emitiu um comunicado condenado os atos de seus adeptos e pedindo às autoridades que se ocupem do caso.
Gideon Avrahami, diretor-geral do centro comercial, reuniu-se com seus fucionários árabes no dia seguinte para pedir desculpas pelo ocorrido. “Nunca vi eventos desse tipo, é um incidente vergonhoso, racista e terrível”, afirmou o comerciante, que prometeu que eles não mais ocorreriam no local. Ele não informou se os torcedores do clube estarão proibidos de adentrar ao local uniformizados.
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