Um tribunal do Egito condenou à morte novamente neste sábado (17/06) o ex-presidente Mohamed Morsi por acusações de espionagem e vazamento de segredos de Estado.
Agência Efe
Ex-presidente Mohamed Morsi foi condenado novamente à pena capital e a 25 anos de prisão neste sábado por um tribunal egípcio
O veredito confirma um julgamento que havia sido realizado em 7 de maio, quando outras seis pessoas foram condenadas à pena capital.
Morsi foi sentenciado a 25 anos de reclusão por espionagem – no país, a prisão perpétua equivale a uma pena de no mínimo 25 anos.
O ex-mandatário e seu secretário, Amin el-Sirafy, receberam também 15 anos de prisão cada por delitos considerados de menor gravidade. A filha de el-Sirafy, Karima, foi condenada a 15 anos de detenção.
Esta foi a segunda sentença de 25 anos recebida por Morsi. Em 16 de junho do ano passado, ele foi declarado culpado de espionagem e de colaboração com organizações estrangeiras para planejar ataques no Egito, entre elas o movimento palestino Hamas.
Além disso, no mesmo dia, ele foi condenado à morte por uma fuga em massa de uma penitenciária nos arredores do Cairo durante os eventos da Primavera Árabe de 2011.
O tribunal também condenou à morte três jornalistas, acusados de se apropriarem indevidamente de documentos relacionados à segurança nacional e repassá-los às autoridades do Catar.
Eles são Ibrahim Helal, ex-diretor de notícias da rede Al Jazeera em árabe; Alaa Omar Sablan, que foi funcionário da mesma emissora até o ano passado; e Asmaa al-Khatib, repórter da agência Rassd, pró-Irmandade Muçulmana. Eles não estão no Egito no momento.
“Sinto que eles não têm nada, então eles continuam assegurando o que eles já provaram”, disse Helal à Al Jazeera. “Os únicos dois tipos de evidência que eles têm são as investigações secretas da polícia que foram reveladas e a segunda são as confissões de outras [pessoas] que testemunharam sob interrogação e tortura”, complementou.
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Para o jornalista, a prisão dos profissionais de imprensa é um “caso político”. “Eles querem ameaçar todos os jornalistas dentro e fora do Egito”, afirmou.
O canal catariano Al Jazeera foi vetado no Egito em função da relação tensa entre Doha e Cairo. O Catar foi um dos principais apoiadores de Morsi e tinha uma postura crítica em relação às autoridades que assumiram o poder após o golpe que derrubou o então presidente em julho de 2013.
Os outros acusados que receberam penas capitais são o ativista político Ahmed Afifi, o comissário de bordo Mohamed Kilani e o acadêmico Ahmed Ismail, que estão sob custódia do Estado.
Cabe recurso na Corte de Cassação do Egito.
Desde o golpe de Estado militar liderado pelo atual presidente, Abdul Fatah ao Sisi, as novas autoridades lançaram uma campanha de repressão contra o grupo Irmandade Muçulmana, de Morsi, banido no país e declarado como uma organização terrorista.
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