As eleições nacionais na Bolívia entraram em um clima de incerteza, em meio ao aumento das medidas restritivas para combater o Covid-19, implementadas pelo governo interino, e à nova decisão do TSE (Tribunal Supremo Eleitoral) de enviar projeto para a Assembleia Nacional propondo que a votação possa ocorrer entre 7 de junho e 6 de setembro.
O MAS (Movimento ao Socialismo), partido do candidato a presidente Luis Arce Catacora, que foi ministro da Economia do governo de Evo Morales, criticou a decisão do órgão eleitoral.
Em documento divulgado nas redes sociais, o MAS afirmou ser necessária a mudança da data das eleições nacionais, previstas anteriormente para 3 de maio, o quanto antes, devido às incertezas que pairam sobre o país, mas não durante a quarentena e da crise sem precedentes provocada pelo coronavírus, “já que as prioridades do povo boliviano agora são outras”. Para o MAS, primeiro está a vida dos bolivianos.
Ainda de acordo com o documento, somente um governo eleito e legítimo, que conte com o respaldo da população, terá condições para recuperar “o caminho da estabilidade política econômica e social” do país.
O MAS afirmou ainda que ficou acertado com TSE que as forças políticas (são oito partidos inscritos nas eleições) voltariam a se reunir em meados de abril, após o fim da quarentena, para chegar a um consenso sobre a nova data.
De acordo com o MAS, “hoje o povo boliviano demanda respostas frente à crise que está gerando o coronavírus, pensando as distintas realidades econômicas, sociais e culturais em nosso país, portanto, não é o momento de definir uma nova data de eleições, e sim unir esforços pela vida de todas e todos os bolivianos”.
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Luis Arce, candidato a presidente da Bolívia pelo MAS
Medidas
A decisão do TSE ocorreu um dia após o governo interino da Bolívia ter decretado, no último dia 25, Estado de Emergência Sanitária, ampliando ainda mais as medidas restritivas durante a quarentena, que, inicialmente iria até o dia 4 de abril e passou a vigorar até o dia 15 do mesmo mês.
O decreto determina que apenas uma pessoa da família, entre 18 e 65 anos, poderá sair de casa, entre 7h e 12h, para compra de alimentos e medicamentos, porém de acordo com a numeração da sua carteira de identidade. Nas segundas-feiras, só saem aqueles que têm as numerações de identidade 1 e 2; na terça, 3 e 4; na quarta, 5 e 6; na quinta, 7 e 8; e, na sexta, 9 e 0. A população fica proibida de sair de casa aos sábado e domingos enquanto durar a quarentena.
Está proibida também a circulação de veículos públicos e privados, com exceção dos de segurança e saúde. Aqueles que romperem com as determinações pagarão multa de mil bolivianos (cerca de 800 reais), serão detidos por 8 horas e, ainda, sofrerão sansões penais e poderão ficar presos por até 10 anos sob a acusação de colocar em risco a saúde pública. Mesmo após a decretação da emergência sanitária, houve detenções em algumas regiões do país.
A medida também definiu que todas as fronteiras do país fiquem fechadas, bem como os aeroportos.
Balanço
Aumentou para cinco o número de departamentos (no total, são nove departamentos) do país com casos confirmados de coronavírus. Até o dia 27 (pela manhã), o total divulgado foi de 61 casos. São 34 em Santa Cruz, que faz fronteira com o Mato Grosso, oito em Oruro, dez em Cochabamba, oito em La Paz e agora, também, Potosí, com um caso. Doze é o número de casos suspeitos, e 381 foram descartados.