Efe
Manifestantes jogaram bombas de gás lacrimogêneo de volta contra policiais em Túnis
O governo da Tunísia decretou toque de recolher em oito cidades nesta terça-feira (12/06) das 9 horas da noite até às 5 da manhã numa tentativa de conter a revolta de pessoas que atacaram edifícios públicos e entraram em confronto com forças de segurança pública.
Segundo o porta-voz do Ministério do Interior, os grupos de revoltosos eram “mistos”, com “pessoas do movimento salafista e com vândalos”. Acredita-se que a agitação teve início com as manifestações de islâmicos contra a exibição de arte “A Primavera das Artes” entendida como ofensiva ao Islã. Durante o protesto, foi ateado fogo a um posto de segurança e a exposição, saqueada.
Os protestos se intensificaram durante a noite, atingindo diversos bairros das cidades. Em Esijumi, no oeste da Tunísia, foram realizados ataques contra o tribunal e o gabinete do procurador foi incendiado.
A exposição com obras de vários artistas foi organizada no centro cultural Al Abdalia, situado na área residencial de
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Durante o mês de maio, diversos protestos com caráter religioso tomaram conta das ruas do país. O jornal Jadaliyya acusou os salafistas de terem confrontado vendedores de bebidas alcoólicas na cidade de Sidi Bouzid, queimando bares. A organização salafista negou envolvimento com qualquer um dos protestos.
Ainda não são conhecidas as causas dessa agitação social. Apesar disso, o ministro da Justiça do país, Nurredin Bhiri, descreveu as ações como “atos terroristas” e diversos veículos da mídia, responsabilizaram “fanáticos religiosos”.
Evento similar aconteceu na Tunísia em outubro do ano passado quando seguidores do partido Popular Petição protestaram contra o resultado das eleições. Em Sidi Bouzid, onde iniciaram os protestos da Primavera Árabe no início do ano, centenas de pessoas tomaram às ruas, queimaram pneus, bloquearam ruas e depredaram edifícios públicos. Um grupo se reuniu para protestar em frente ao escritório do partido islâmico An-Nahda.
Histórico
A Primavera Árabe teve início com as revoltas da Tunísia contra o governo de Ben Ali. O ditador, que ficou 23 anos no poder, saiu do governo em janeiro de 2011 e foi condenado nesta quarta-feira (13/06) a mais 20 anos de prisão.
Em outubro do ano passado, a Tunísia realizou as primeiras eleições democráticas desde a queda de Ben Ali. O partido islâmico An-Nahda venceu com 41% dos votos e assegurou 90 cadeiras no parlamento.