A Turquia afirmou com veemência nesta terça-feira (13/05) que não pagará a multa € 90 milhões (R$ 270 mi), definida no dia anterior pela Corte Europeia de Direitos Humanos, por danos e violação de direitos humanos durante a invasão militar ao Chipre em 1974.
“Não estamos pensando em pagar esta quantidade a um país que não reconhecemos”, declarou o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu, acrescentando que tal decisão é um golpe para o processo de reunificação da ilha.
Efe
Ação das forças armadas turcas no norte da península resultou em um conflito violento e na separação da ilha em dois territórios
De acordo com Riza Türmen, ex-magistrado do Tribunal Europeu de Direitos Humanos, a rejeição do governo turco vai contra os tratados assinados. À Agência Efe, Türmen argumentou que Ancara não pode se recusar a pagar, já que é signatária da Convenção Europeia de Direitos Humanos. Nesta condição, já se comprometera a acatar suas sentenças.
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Histórico do conflito
Após 40 anos da ofensiva, o valor da condenação será usado como indenização às vitimas cipriotas da consequente partilha do país, que até hoje permanece dividido. Na ocasião, as tropas turcas ocuparam o norte da ilha e deslocaram violentamente as comunidades que ali viviam, estabelecendo a República Turca do Chipre do Norte. A independência da região nunca foi reconhecida pela ONU, sendo aceita politicamente somente por Ancara.
Enquanto isso, a porção sul da ilha – maior e mais populosa – é administrada pelo governo cipriota. Neste processo, € 30 milhões serão dados aos familiares de quase 1.500 desaparecidos após a ação militar e os outros € 60 milhões, aos greco-cipriotas que vivem em na cidade de Carpas, localizada na região norte.
Mariane Roccelo/ Opera Mundi