Após um impasse em torno da possibilidade de a Rússia entregar ajuda humanitária na Ucrânia, o governo de Kiev anunciou nesta terça-feira (12/08), por meio de um comunicado, que aceitará a oferta feita por Moscou. No início da negociação, houve desconfiança por parte das autoridades ucranianas, que temiam a presença de algum tipo de ajuda aos manifestantes separatistas do leste do país, já que a ajuda foi enviada principalmente a Lugansk, que está sob ataque das forças oficiais.
Agência Efe
Soldados ucranianos na região de Donetsk
“Nós concordamos com uma rota conveniente para as autoridades de Kiev. Nós também concordamos em ter a bordo não somente os representantes da Cruz Vermelha e da OSCCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa), mas também representantes das autoridades ucranianas”, disse o Ministro de Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov.
Lavrov insistiu que os caminhões russos não cruzarão a fronteira e que a carga será transferida para a Cruz Vermelha. E explicou ainda que a Rússia aceitou todas as condições impostas pela Ucrânia, incluído o itinerário do comboio através de um posto fronteiriço na região ucraniana de Kharkiv, sob controle das forças leais a Kiev, apesar de ser o mais longo.
O ministro russo expressou sua confiança de que o Exército ucraniano garanta a segurança do comboio através das zonas sob seu controle e manifestou que espera exatamente o mesmo dos milicianos pró-Rússia. O comboio deve demorar entre dois e três dias para chegar à região.
O comboio inclui 262 caminhões que transportam, entre outras coisas, 400 toneladas de cereais, 100 toneladas de açúcar, 62 toneladas de alimentos para crianças, 54 toneladas de remédios, 12 mil sacos de dormir e 69 geradores elétricos.
Autoridades ucranianas e o governo dos Estados Unidos manifestaram o temor de que, com o comboio, a Rússia estivesse preparando uma intervenção militar nas regiões separatistas. O secretário de imprensa do Kremlin, Dmitry Peskov, disse à imprensa russa que a ideia de uma operação militar disfarçada é “absurda”.
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Em Lugansk, a situação é considerada pela Cruz Vermelha como “crítica”, pois milhares de pessoas estão sem acesso a água, eletricidade ou auxílio médico. As linhas de telefone fixas e celulares não estão funcionando e o comércio está fechado. Das 425 mil pessoas que viviam no local, ficaram apenas cerca de 250 mil, segundo a Prefeitura.
Mais de 1.300 pessoas morreram no últimos quatro meses, que a Cruz Vermelha considera como situação de guerra civil na Ucrânia.