O governo ucraniano e os separatistas pró-Rússia trocaram acusações neste sábado (19/07) sobre o acesso de investigadores e observadores internacionais aos destroços do avião da Malaysia Airlines derrubado no último dia 17 de julho na região leste da Ucrânia, atualmente controlada por grupos armados separatistas.
O governo da Ucrânia denunciou que os separatistas removeram 38 corpos do local do incidente. “Milicianos armados afastaram as equipes de resgate e os deixaram sem meios de comunicação. Levaram os corpos em um caminhão. De acordo com os milicianos, os corpos serão levados para a cidade de Donetsk”, informou uma fonte do governo da região onde aconteceu o acidente, citada pela imprensa ucraniana.
Agência Efe
Grupo de pessoas se reúne em Petaling Jaya, na Malásia, para pedir apoio aos parentes das vítimas do voo MH70.
Entretanto, os separatistas pró-Rússia que controlam o lugar da província de Donetsk, no leste da Ucrânia, onde caiu o avião malaio possivelmente derrubado por um míssil, avisaram que permitirão os trabalhos de resgate e investigação em um raio de 20 quilômetros.
Esse foi o acordo conseguido pelo grupo de contato formado por representantes de Ucrânia, Rússia e da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) em uma videoconferência realizada ontem à noite em Kiev com os pró-russos, informou hoje Valentin Nalivaichenko, chefe dos serviços de segurança ucranianos.
“As negociações de três lados terminaram com um acordo para que seja criada uma área de 20 quilômetros quadrados para que a Ucrânia possa cumprir com sua tarefa humanitária, recolher os corpos e entregá-los a seus familiares”, disse Nalivaichenko, segundo a imprensa ucraniana.
Vários países e o Conselho de Segurança da ONU pediram uma investigação independente para esclarecer as causas do acidente do avião da Malaysia Airlines que caiu na separatista região de Donetsk na última quinta-feira. Para isso, exigiram que os separatistas pró-Rússia permitam o acesso ao local da tragédia.
Os Estados Unidos e outros países do Ocidente culpam os insurgentes de terem supostamente abatido o voo MH17 e, de forma indireta, responsabilizam a Rússia por fornecer apoio aos separatistas.
Investigadores internacionais
Ontem, um grupo de inspetores da OSCE chegou, em um helicóptero, ao local do acidente, perto da cidade de Shakhtarsk, em Donetsk, mas denunciaram que não tiveram pleno acesso por parte dos milicianos que controlam a área.
Enquanto isso, investigadores internacionais estão a caminho de Kiev, entre eles mais de 130 especialistas da Malásia, e uma equipe da Holanda, o país que conta com mais vítimas entre os quase 300 passageiros mortos no acidente.
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O ministro dos Transportes da Malásia, Liow Tiong Lai, viajará neste sábado para a Ucrânia para garantir o acesso dos investigadores malaios ao lugar onde estão os destroços do avião da Malaysia Airlines que caiu no leste desse país.
“Queremos garantir um corredor seguro ao local”, disse Liow à imprensa, que acrescentou que dois investigadores malaios especializados em acidentes aéreos já estão em Kiev.
Liow evitou se pronunciar sobre quem tem a posse das caixas-pretas do avião, que segundo a agência russa Interfax foram encontradas por separatistas ucranianos, e garantiu que o governo malaio ainda não pôde confirmar nenhuma informação.
O primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, pediu à ONU ontem à noite que garanta a segurança das equipes de resgate da Malásia e que as provas relacionadas com o incidente não sejam manipuladas. Najib também pediu que “caso a investigação determine que o MH17 foi derrubado, exigiremos que os culpados sejam levados à Justiça”, em mensagem transmitida pela televisão estatal.
Nacionalidade das vítimas
A companhia aérea Malaysia Airlines comunicou neste sábado as nacionalidades das 298 pessoas que estavam bordo do voo MH17. A maioria deles, 192, era holandesa, sendo que um também tinha nacionalidade americana, informou a companhia em seu último comunicado.
Agência Efe
Os reis da Holanda assinam livro de condolências situado no Ministério de Segurança e Justiça do país europeu.
A bordo da aeronave também estavam 44 malaios – incluídos os 15 membros da tripulação e dois bebês -, 27 australianos, 12 indonésios (entre eles um bebê), dez britânicos (um deles com dupla nacionalidade sul-africana), quatro alemães, quatro belgas, três filipinos, um canadense e um neozelandês.
A Malaysia Airlines disse que trabalha com as respectivas embaixadas para informar os familiares mais próximos e que sua prioridade agora é trabalhar com as equipes de emergência para dar assistência a essas pessoas.
A companhia também informou que vai reembolsar e isentar de taxas os passageiros que resolverem mudar o destino de suas viagens e aqueles que desejarem adiar ou cancelar suas passagens, inclusive os que possuem bilhetes não reembolsáveis. Essas isenções poderão ser aplicadas para solicitações feitas até o dia 24 de julho nas viagens marcadas até 31 de dezembro.
Investigação justa e objetiva
O presidente da China, Xi Jinping, pediu uma investigação “justa e objetiva” do acidente envolvendo o voo MH17 da Malaysia Airlines. Xi se mostrou consternado pela notícia da morte dos 298 passageiros que estavam a bordo do avião e transmitiu suas condolências às famílias das vítimas, de acordo com uma nota oficial divulgada.
“Uma investigação imparcial deve ser feita para se conhecer a verdade do ocorrido”, disse Xi na Argentina ontem, onde se encontra em visita de Estado como parte do giro latino-americano que está realizando e que o levará a quatro países da região.
(*) Com informações da Agência Efe