A queda de avião da Malaysia e ofensiva terrestre de Israel na Faixa de Gaza são os principais destaques desta semana em Opera Mundi. Na quinta (17/07), um avião da Malaysia Airlines com 298 pessoas caiu na fronteira da Ucrânia com a Rússia, na região de Donetsk. A aeronave se deslocava de Amsterdã para Kuala Lumpur.
Para o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, não se tratou de um “incidente”, nem de um “desastre”, mas de “um ato terrorista”. Mais cedo, ele disse não descartar a possibilidade de que o avião tenha sido abatido por militantes pró-Rússia, que negaram a ação. Tal hipótese de abatimento também foi defendida pela inteligência dos EUA.
Efe
Local onde caiu a aeronave do voo MH17 na região de Donetsk, palco de confrontos entre separatistas pró-Rússia e forças de Kiev
No dia seguinte à queda (18/07), o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou ter “certeza” de que o míssil que atingiu o avião da Malaysia Airlines foi realizado por um “míssil em área controlada por separatistas”, mas ressaltou que não é possível ainda dizer quem foi o autor dos disparos.
Poucas horas antes, o líder russo, Vladimir Putin, disse que a catástrofe requer uma investigação “exaustiva e objetiva”. Segundo o Kremlin, o presidente afirmou que o incidente revela a necessidade de uma solução pacífica e rápida para o conflito no leste da Ucrânia.
Ofensiva terrestre em Gaza
Após cinco anos desde a última grande ofensiva terrestre contra a Faixa de Gaza, Israel decidiu nesta quinta-feira (17/07) invadir o território palestino por terra. Por ordem do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, tropas israelenses entraram em Gaza para dar início a uma nova etapa da “Operação Margem Protetora“, que, ao longo dos últimos dez dias, tem lançado bombardeios aéreos que já mataram mais de 261 pessoas, segundo o Ministério da Saúde em Gaza.
A incursão terrestre israelense em Gaza aconteceu após seis horas do cessar-fogo humanitário a pedido da ONU. De acordo com responsáveis militares, o objetivo da incursão é destruir a capacidade militar das milícias, em particular a estrutura bélica do Hamas, e evitar o lançamento de foguetes.
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Após o anúncio, a presidente Dilma Roussef afirmou que o governo brasileiro considera “desproporcional” a decisão israelense de invadir por terra o território palestino da Faixa de Gaza, medida que resulta em “morte de mulheres, crianças e civis em geral”.
“No Oriente Médio, por exemplo, estamos vivendo uma situação muito triste, para não dizer lamentável – é o que está ocorrendo na Faixa de Gaza. Porque estamos vendo pessoas perdendo a vida, saindo de suas casas”, afirmou a presidente, lembrando que o Brasil é a favor da existência de dois Estados na região, palestino e israelense.
Efe
Ataque de avião militar israelense na cidade de Gaza cria coluna de fumaça; Israel começou ontem invasão por via terrestre
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Além de Dilma, outros líderes mundiais também criticaram a ação israelense. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pede que Israel “faça mais” para impedir a morte de civis. O chanceler francês, Laurent Fabius, também externou “preocupação extrema” por parte da França. O ex-presidente norte-americano Bill Clinton, em entrevista a uma TV indiana, disse que “Israel está se autoisolando da opinião mundial”.
Um dia antes de o governo israelense ter decido invadir Gaza por terra, algo que não acontecia desde 2009, o Hamas entregou ao Egito uma lista com dez condições para que fosse atingida uma trégua de dez anos. A veiculação da lista, na quarta-feira (16/07), veio após as informações de que o Hamas oficialmente rejeitava a proposta de cessar-fogo egípcia, que havia sido aceita por Israel.
Efe
Soldados israelenses aguardam o fim da trégua ao lado de tanques
Grupo político que controla a Faixa de Gaza e cujo braço armado lança mísseis contra o território israelense, o Hamas afirma ter ficado à margem das negociações mediadas pelo Egito, país que mantém relações razoavelmente boas com o governo de Tel Aviv a ponto de permitir uma ligação telefônica entre o presidente egípcio, Abdel Fattah Al Sisi, e o premiê Benjamin Netanyahu para discutir a trégua, contato mantido em segredo até pouco tempo.
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A temperatura no Oriente Médio subiu desde a morte de três jovens israelenses na Cisjordânia há quase três semanas, seguida do assassinato de um adolescente palestino, incendiado com gasolina enquanto ainda estava vivo. Após os episódios, as Forças de Tel Aviv passaram a atacar a Faixa de Gaza. Vale ressaltar também que esses casos aconteceram pouco tempos depois de o Hamas e o Fatah definirem um acordo histórico de reconciliação — criticado por Israel. Gaza é alvo frequente de investidas militares. A pior delas, no final de 2008 e início de 2009, deixou mais de 1,4 mil palestinos mortos. Treze israelenses, sendo 10 soldados, perderam a vida.
Encontro do Brics no Brasil
Outro assunto que chamou atenção foi a decisão dos chefes de Estado dos países que compõem o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que aprovaram na terça-feira (15/07) a criação de um Banco de Desenvolvimento exclusivo do bloco, além de um fundo emergencial de US$ 100 bilhões de ajuda mútua para situações de crise financeira. Os órgãos irão financiar projetos de infraestrutura e de desenvolvimento para as cinco economias emergentes que somam um quinto do PIB global e 40% da população mundial.
Efe
Putin, Modi, Rousseff, Jinping e Zuma: cinco membros do Brics criam dois órgãos financeiros
Para o embaixador Carlos Márcio Cozendey, secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda do Brasil, a ideia do banco surge da constatação das necessidades de financiamento dos países do bloco e da limitação (e quase esgotamento) da capacidade de crédito por parte dos tradicionais bancos de desenvolvimento, como o Banco Mundial. “E, como digo sempre, um pouco de competição não faz mal a ninguém”, disse Cozendey a Opera Mundi.
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A presidente Dilma Rousseff, que negou que tivesse planos para entrada de novos membros ao bloco, se reuniu e fechou diversos acordos com os líderes Vladimir Putin (Rússia), Xi Jinping (China), Jacob Zuma (África do Sul) e Narenda Modi (Índia). Segundo Dilma, com a criação da instituição, as cinco grandes economias emergentes “avançam em direção a uma nova arquitetura financeira mundial”.