Dois dias após a frustrada tentativa de golpe de Estado contra o presidente do Equador, Rafael Correa, membros do governo em Quito e outras personalidades políticas latino-americanas são unânimes em apontar o papel fundamental da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) na contenção da crise institucional no país sul-americano. O exemplo de Honduras, que em junho de 2009 passou pr um golpe que destituiu o presidente Manuel Zelaya, foi lembrado nessa quinta-feira.
“Tentaram fazer o mesmo que em Honduras, mas não funcionou. Por isso é importante que essa tentativa de golpe não fique impune, para que não aconteça de novo”, comentou ontem ao Opera Mundi o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño. Em seguida, o ministro ressaltou a atuação da Unasul, que enviou seus chanceleres ontem a Quito e na quinta-feira, realizou reunião extraordinária em Buenos Aires com os presidentes. “Se trata de um tipo diferente de hegemonia regional, uma forma muito ágil e eficaz de reação frente a uma crise.”
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Os chanceleres, além de enviarem mensagens de apoio dos presidentes, aprovaram a Cláusula Democrática, documento que prevê sanções automáticas nos campos econômico e político aos países que sofrem golpes internos.
“O que vemos é uma Unasul fortalecida, sobretudo, pela velocidade com que enfrentou a crise e, inclusive, pela disposição dos presidentes de viajar para o Equador caso fosse necessário”, disse o professor de Ciências Políticas da Universidade de Buenos Aires, Edgardo Mocca, à agência France Press.
O estudiosos destacou a importância da consolidação do organismo sul-americano e ressaltou que antes a região esperava as reações da OEA (Organização dos Estados Americanos) e dos Estados Unidos frente às crises. “Agora, cada vez mais, a Unasul mostra a América Latina como um sistema político único que tem uma clara noção da defesa das instituições democráticas”, acrescentou Mocca.
Para Daniel Filmus, presidente da comissão de Relações Exteriores do Senado argentino, “a novidade na América Latina é que foi decidido que os problemas da região serão resolvidos na região”.
Colômbia
Entre as intervenções mais destacadas esteve a da chanceler colombiana, Maria Angela Holguín, que transmitiu o apoio do presidente colombiano, Juan Manuel Santos, ao povo e governo equatoriano. “Os felicitamos pela força que tiveram, com a qual nos deram um exemplo de visão para a América Latina e do que deve ser entendido como democracia e respeito da ordem constitucional”. Ao final do encontro, Correa agradeceu a demonstração de Holguín.
Equador e Colômbia mantinham relações estremecidas desde o ataque feito pelo exército colombiano em março de 2008 – então sob comando do ex-presidente Álvaro Uribe – a um acampamento das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em solo equatoriano. Quito negou a versão de Bogotá, de que havia autorizado o ataque. O ministro da Defesa na época, o atual presidente Santos, foi formalmente acusado pela Justiça equatoriana pela agressão.
Para Mocca, “Santos tende a compreender melhor a realidade do sistema político da América do Sul do que seu antecessor, Uribe. O presidente também está consciente de que se opor a essa corrente de unidade pode prejudicá-lo”, concluiu.
“A reação de nossos povos foi unânime e excepcional”, comentou ao Opera Mundi o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro. Ele celebrou o posicionamento colombiano frente à tentativa de golpe no Equador. “Estamos estabelecendo com a Colômbia alguns parâmetros de relacionamento a nível de estado que até o momento têm sido cumpridos e respeitados plenamente. Primeiramente, o respeito, e em seguida, a necessidade de cooperação sincera em temas-chave para a região. Agora, desenvolvemos uma nova forma de relacionamentos entre nossos governos”.
*Com agências
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