O Estado uruguaio, pela primeira vez na história, deverá comparecer no próximo mês perante a CIDH (Corte Interamericana de Direitos Humanos) no Equador, pelo sequestro e morte em 1976, durante a ditadura, de María Claudia Garcia, nora do poeta argentino Juan Gelman.
As audiências estavam marcadas para começar no último dia 4 na capital do Equador, Quito, mas foram adiadas em consequência da rebelião policial contra o mandatário equatoriano, Rafael Correa, em 30 de setembro passado.
Os denunciantes, Juan e Macarena Gelman (filha de María Claudia), apresentaram a nova ação no mês de abril pela violação dos artigos 8 e 25 da Convenção Americana dos Direitos Humanos — contra as garantias judiciais e de proteção judicial das vítimas, entre outros.
O primeiro pedido, no entanto, data de 2006 e reivindica que o Uruguai assuma sua responsabilidade no desaparecimento de María Claudia e na supressão da identidade de sua filha nascida em cativeiro e que fora encontrada apenas 23 anos após o crime.
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O processo foi iniciado formalmente em janeiro passado pela CIDH, órgão vinculado à OEA (Organização dos Estados Americanos). Contudo, em 1992, o organismo já havia classificado a Lei de Caducidade da Pretensão Punitiva do Estado do Uruguai, de 1986, que anistiou os envolvidos no regime militar, como uma norma contrária às leis internacionais. Na época, foi recomendado ao então presidente, Luis Alberto Lacalle, que promovesse o fim da medida.
Ainda são esperados, como testemunhas, o escritor uruguaio Eduardo Galeano, os repórteres do jornal La República Gabriel Mazzarovich e Roger Rodríguez, o historiador Gerardo Caetano e a procuradora Mirtha Guianze, entre outros.
O sequestro e posterior desaparecimento de María Claudia García ocorreram dentro do chamado Plano Condor, operação repressiva coordenada pelas ditaduras do Cone Sul (Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai, além do Brasil).
Grávida, ela foi sequestrada em Buenos Aires e levada ilegalmente a Montevidéu. Marcelo Gelman, marido da vítima, foi morto em Buenos Aires, na mesma época.
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