O governo venezuelano anunciou no final da noite desta sexta-feira (19/07) que o diálogo iniciado com os EUA há mês e meio na Guatemala para normalizar as relações entre ambos os países foi rompido, após as declarações da próxima embaixadora norte-americana na ONU, Samantha Power.
Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela indicou que, com o respaldo dado pelo Departamento de Estado norte-americano à “agenda intervencionista” de Samantha Power, “a República Bolivariana da Venezuela dá por encerrado os processos iniciados nas conversas da Guatemala”.
Na última quarta-feira, durante sua audiência de confirmação do cargo perante o Comitê de Relações Exteriores do Senado, a futura embaixadora se comprometeu a “dar uma resposta à repressão da sociedade civil registrada em países como Cuba, Irã, Rússia e Venezuela”.
Agência Efe
Jaua e Maduro decidiram interromper diálogo com EUA após declarações de diplomata norte-americana
A Venezuela desqualificou as declarações da norte-americana e o próprio presidente Nicolás Maduro exigiu ontem uma retificação ao governo dos EUA.
No entanto, uma porta-voz do Departamento de Estado, Marie Harf, indicou hoje que “Samantha Power é uma candidata sobressalente extraordinária e incrivelmente competente. A respaldamos completamente”.
“A República Bolivariana da Venezuela jamais aceitará ingerências de nenhum tipo em seus assuntos internos”, indicou a chancelaria venezuelana em seu comunicado de resposta.
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Caracas reiterou que, como havia expressado Maduro, “construir uma boa relação com o governo dos Estados Unidos depende da prática do respeito mútuo e do reconhecimento absoluto e total dos princípios de soberania e autodeterminação”.
Nesse sentido, o governo venezuelano “rejeita categoricamente” as declarações de Samantha Power e assinala que suas opiniões foram “avaliadas e respaldadas” pelo Departamento de Estado, “contradizendo o tom e o conteúdo do expressado” pelo secretário de Estado, John Kerry, no encontro que manteve com o chanceler venezuelano, Elías Jaua, na Guatemala.
“É inaceitável e infundada a preocupação expressada pelo governo dos EUA”, indicou a chancelaria, ressaltando que o governo venezuelano “demonstrou amplamente que possui um sólido sistema de garantias constitucionais para preservar a prática e o respeito irrestrito aos Direitos Humanos”.
É a segunda vez, em 2013, que Venezuela e Estados Unidos interrompem um processo de normalização das relações bilaterais. O congelamento dos laços entre os países se deu em 2010, depois que a Caracas recusou a nomeação de Larry Palmer como embaixador norte-americano. Na época, Chávez negou a indicação após Palmer afirmar que as Forças Armadas venezuelanas estavam com o “moral baixo” e que guerrilhas colombianas poderiam estar se abrigando no país. Em retaliação, Barack Obama suspendeu o visto do embaixador da Venezuela.
(*) com Agência Efe