O deputado Juan Carlos Caldera, do opositor Partido Primeira Justiça, confirmou que recebeu, por duas vezes, 20 mil bolívares (cerca de R$ 16 mil no total). O parlamentar foi filmado ao receber a quantia, em um vídeo divulgado nesta quinta-feira (13/09) por deputados do governista PSUV (Partido Socialista Unificado da Venezuela).
Reprodução/VTV
Imagem do vídeo no qual o deputado Juan Carlos Caldera aparece recebendo dinheiro de um empresário
Durante a entrevista em que tentou esclarecer o caso, Caldera negou taxativamente que o dinheiro fosse destinado à campanha presidencial de Henrique Capriles, adversário de Hugo Chávez na eleição de 7 de outubro. De acordo com o deputado, a quantia seria utilizada em sua campanha a prefeito do município de Sucre, que compõe a Grande Caracas. O pleito será realizado em janeiro de 2013.
“Recebi do senhor Wilmer Rupert 20 mil bolívares para apoiar minha campanha. Esse dinheiro não tem relação com a campanha de Capriles”, afirmou.
Caldera revelou que o homem não identificado no vídeo é Luis Peña, funcionário do empresário venezuelano Wilmer Ruperti, milionário da área naval que é considerado um apoiador de Chávez. O congressista admitiu ter feito três reuniões, sendo que o vídeo em que recebe o dinheiro foi gravado no terceiro encontro. “O local onde foi feita a gravação é a casa de Ruperti”, disse.
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No vídeo, o homem que supostamente é Luis Peña afirma que seu chefe gostaria de ter uma reunião com Capriles. Caldera responde que seria melhor um encontro quando o candidato da oposição fizesse uma viagem pela América do Sul. “Pode ser no Brasil”, disse na gravação. Na entrevista coletiva, o deputado afirmou que o encontro foi pedido porque Ruperti “via muita possibilidade no triunfo de Capriles e queria se aproximar dele”, revelou. “Os empresários sentem o cheiro de quem vai ganhar”.
Depois das reuniões, Caldera disse que não manteve mais contato com Ruperti e Peña. “Fui muito ingênuo nesta armadilha que montaram para mim. Para isso havia um estúdio de televisão, com várias câmeras”, relata.
Ainda no vídeo, o deputado se refere a uma “tarefa” que ainda não havia sido cumprida. O deputado Juan Chávez, do PSUV, chegou a sugerir que essa tarefa poderia ser um atentado para desestabilizar a campanha eleitoral no país. Caldera, por sua vez, argumenta que o assunto em questão era referente à vitória opositora nas eleições. “No momento em que gravaram o vídeo, não estava certa a vitória de Capriles, como está agora.” O presidente Hugo Chávez aparece com larga vantagem na maioria das pesquisas de intenção de voto.
O deputado ainda atacou o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, também do PSUV. Para ele, desde que foi designado para rechaçar a nomeação de Cabello para presidente da Casa, Cabello nutre por ele uma “profunda má vontade”. “A você, senhor Diosdado Cabello, digo, com muita responsabilidade, que é o responsável pela integridade e a segurança física de meus filhos”, disse. Questionado sobre os motivos dessa afirmação, o oposicionista preferiu ficar calado.
Tanto os deputados do PSUV, quanto o chefe da campanha de Hugo Chávez, Jorge Rodríguez, apresentaram denúncia contra Caldera na Mesa Diretora da Assembleia Legislativa e no CNE (Conselho Nacional Eleitoral). “Se cometi um delito, que se investigue. Se isso é um delito, é um delito. Mas iríamos os dois”, disse Caldera, sugerindo incluir Rupert nas investigações.
Logo após a divulgação do vídeo, aliados de Capriles deram uma entrevista para desligar o deputado da campanha. O próprio candidato presidencial afirmou que Caldera “não tem o direito de usar meu nome para benefícios pessoais”.