Atualizada às 14:34
A Guarda Nacional Bolivariana informou nesta quinta-feira (28/04) que pelo menos 121 pessoas foram detidas por suposto envolvimento em uma onda de saques e protestos em Maracaibo, no oeste da Venezuela, na madrugada de quarta-feira (27/04).
Segundo a imprensa local, centenas de pessoas saquearam pelo menos 73 lojas de roupas, alimentos e eletrodomésticos. Os saques seriam motivados pelo racionamento de energia estabelecido pelo governo venezuelano para enfrentar os efeitos da seca provocada pelo fenômeno climático El Niño, que causou uma crise hídrica e elétrica no país.
Agência Efe
Segundo mídia local, centenas de pessoas saquearam lojas de roupas, alimentos e eletrodomésticos em Maracaibo
Na mesma região, a sede do Saime (Serviço Administrativo de Identificação, Migração e Imigração) foi depredada e um ônibus foi queimado, segundo autoridades do país. Houve ataques também à estrutura do Sistema Elétrico Nacional no Centro de Serviços da cidade de La Concepción, com a destruição de material e veículos.
O governador do Estado de Zulia, onde fica Maracaibo, Francisco Arias Cárdenas, afirmou que os protestos fazem parte de uma ação “desestabilizadora” que parte de setores de extrema-direita. “Houve alguns [saques] motivados pelo descontentamento, mas outra coisa é a orientação premeditada de alguns setores da extrema-direita”, declarou. O general Néstor Reverol informou que 3.500 mil agentes de segurança foram enviados à região, onde foi instalado um Estado Maior do Exército para reforçar o patrulhamento.
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O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, informou que instalará uma Comissão Presidencial em Zulia para lidar com as consequências da seca na região. Ele pediu que a população repudie atos violentos. “Chamo ao povo para que repudie os violentos, para que os isolemos e para que eles sejam presos, sejam quem for, estejam onde estiver”, declarou Maduro, que afirmou também que “não aceitará” protestos violentos. “A direita não compreende que em tempos difíceis uma família tem que se unir”, disse.
Desde segunda-feira (25/04) houve saques e protestos de menor intensidade nos estados de Miranda, Carabobo, Aragua Vargas e Bolívar.
Racionamento
A Venezuela implantou um rigoroso racionamento de energia para enfrentar os efeitos do fenômeno El Niño, que causou uma crise hídrica e elétrica no país.
O governo venezuelano decretou quatro horas de corte diário de energia para diversos pontos do país durante pelo menos 40 dias. Além disso, estabeleceu a redução para dois dias da semana de trabalho do setor público. Nicolás Maduro afirmou que vai pedir ajuda humanitária à ONU para lidar com os efeitos da seca no país.
A oposição acusa o governo de corrupção e “ineficiência” na administração do setor elétrico.
O ministro de Energia Elétrica, Luis Motta Domínguez, disse que a Central Hidroelétrica Simón Bolívar, responsável por gerar 70% da energia do país, está a apenas 1,6 metro acima do nível crítico.