O CNE (Conselho Nacional Eleitoral) da Venezuela realiza neste domingo (02/09) uma simulação da eleições gerais do país, marcadas para o dia 7 de outubro. Nesse teste, o órgão, de hierarquia independente, coordenará a abertura de 1.553 colégios eleitorais em todo o país. Segundo o órgão, esta é a maior operação dessa natureza já realizada no país.
A presidente da CNE, Tibisay Lucena, afirmou em coletiva realizada pela manhã, que a votação ocorre em total normalidade. Todas as 4.832 máquinas estão funcionando satisfatoriamente, segundo ela. O processo se realizará até as 15h de Caracas (16h30 de Brasília), e se realiza em 24 Estados e 329 municípios. Os votos de hoje não serão contabilizados para evitar a utilização política do processo.
O objetivo da simulação é fazer com que os venezuelanos possam conhecer a posição onde estão os candidatos no boleto eleitoral, assim como testar o sistema de votação. Ele é composto em cinco etapas para conclusão do voto: apresentação da cédula de identidade do eleitor e captura da impressão digital; ativação da máquina; voto na tela tátil, onde o eleitor poderá clicar na foto do seu candidato; impressão do boleto com a confirmação do voto, o depósito do voto na uma urna. Por fim, a o eleitor tem a impressão digital de seu dedo mínimo pintado com uma tinta, para garantir que ele não vote duas vezes. Tudo em um percurso na forma da letra “U” – por isso, esse sistema é conhecido como “ferradura”.
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A simulação servirá também para o CNE revisar os procedimentos de instalação das mesas de votação, a agilidade do sistema e o tempo médio que cada eleitor utilizará para votar.
Credibilidade
Na última sexta-feira (31/08), Lucena, assinou acordo de cooperação com os presidentes da Comissão Eleitoral da Índia, Shri Sampth e da Comissão Nacional Eleitoral da República da Coreia do Sul, Nung-Hwan. O acordo prevê que uma cooperação tecnológica em matéria eleitoral para os dois países asiáticos. O CNE também realizou uma auditoria no software do sistema eleitoral na presença de técnicos da Unasul (União das Nações Sul-Americanas).
Essa é uma das estratégias do CNE para comprovar a eficácia do seu sistema para os venezuelanos e o exterior, já que setores da oposição continuam afirmando que o órgão beneficia o presidente Hugo Chávez, candidato à reeleição.
Pesquisa
Recente pesquisa realizada pela empresa Datanálisis e publicada no jornal El Universal, afirma que a maioria dos eleitores da oposição tem “pouca confiança” (49,1%) ou “nenhuma confiança” (27,2%) no órgão, totalizando a má avaliação em 76,3%. Os que têm “muita confiança” são apenas 1,8% e os que “confiam” somam 18,2%. Não sabem não responderam resultam em 3,1%.
CNE/Divulgação
A presidente do CNE, Tibisay Lucena (dir.) cumprimenta Nung Hwan-Kim, seu equivalente da Coreia do Sul
Entre os chavistas, a situação se reverte radicalmente. Os que têm “muita confiança” no CNE somam 28,9% e os que apenas “confiam” são 58,5% (total 87,4% de confiança). Os que têm pouca e nenhuma confiança no órgão somam 9,8%. Não sabem ou não responderam chegam a 2,8%.
Também foi constatado que uma boa parte dos opositores de Chávez (39,9%) acredita que o segredo do voto poderia ser violado, pelo fato de haver a captura da impressão digital. Mesmo assim, 42,6% dos eleitores da oposição acreditam na segurança do sistema eleitoral venezuelano, enquanto 15% disseram não conhecer o sistema.
No outro polo, os eleitores chavistas expressam mais confiança no sistema eleitoral. Só 12,4% dos chavistas acreditam que a captura da impressão digital poderia revelar o voto do eleitor, enquanto 79% confiam no sistema, assim como 7,8% disseram não conhecer o procedimento.
Chávez, no poder desde 1999, concorre a mais um mandato e tem como principal adversário o ex-governador de Miranda, Henrique Capriles, da coligação MUD (Mesa da União Democrática). O próximo presidente terá um mandato de seis anos.