O republicano Rick Synder, governador de Michigan (EUA), pediu desculpas em um discurso na noite de terça-feira (19/01) pelo caso de contaminação da água por chumbo na cidade de Flint, que ganhou repercussão nacional nas últimas semanas.
Reprodução/YouTube WOOD TV8
No discurso, o governador Rick Synder anunciou também a ida de 130 membros da Guarda Nacional para agir em Flint
“Estamos rezando por vocês, trabalhando duro por vocês e totalmente comprometidos a tomar as medidas certas para resolver efetivamente essa crise. Para vocês, povo de Flint, digo hoje o que disse antes: me desculpem”, declarou Snyder. “Eu os decepcionei, vocês merecem algo melhor”, disse o governador, que solicitou autorização ao Legislativo de Michigan para disponibilizar US$ 28 milhões dos cofres do Estado para a crise.
Nesta quarta-feira (20/01), Synder fez um apelo para que o governo federal classificasse a situação em Flint como um “desastre”, o que permitiria um repasse maior de fundos da União para resolver o problema cidade. O presidente norte-americano, Barack Obama, recusou e manteve a classificação de “emergência”, o que disponibiliza US$ 5 milhões à cidade. Segundo Obama, a situação em Flint não se configura como um desastre por não ser um evento natural, incêndio, enchente ou explosão.
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“Isso é algo pelo qual ninguém deveria passar. Todos deveriam ter água potável”, afirmou a prefeita de Flint, Karen Weaver, em entrevista coletiva em Washington. Ela foi interrompida por manifestantes que pediam água limpa.
Em 2014, o governo de Flint alterou a fonte de fornecimento de água, que até então vinha de Detroit, e passou a utilizar a água de um rio da região, com o intuito de cortar gastos. Estima-se que, das 100 mil pessoas que vivem na cidade, ao menos 27 mil crianças tenham sido expostas à água contaminada.
Uma análise técnica feita pela Universidade de Virginia Tech apontou níveis de chumbo até 1.300 vezes acima do padrão recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde). O nível médio de concentração das amostras de água de Flint ficou em 2.000 ppb (partes por bilhão), mas o máximo chegou a 13.200. A OMS recomenda 10 ppb.
“Os dados mostraram o pior nível de chumbo e contaminação da água que vimos em 25 anos”, afirmou ao jornal inglês The Guardian Marc Edwards, especialista em tratamento de água da Virginia Tech.