O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, pediu hoje (30) aos Estados Unidos que “intensifiquem de forma mais energética, mais forte e com maior decisão” suas medidas contra as novas autoridades de seu país, lideradas por Roberto Micheletti.
Zelaya fez o pedido ao embaixador dos Estados Unidos em Tegucigalpa, Hugo Llorens, com quem se reuniu hoje, a portas fechadas, na sede diplomática de Honduras em Manágua.
Depois que os Estados Unidos anunciaram a suspensão dos vistos a quatro funcionários do governo golpista, na terça-feira, Zelaya pediu que esta mesma medida seja seguida pelos países da América Latina, União Europeia, assim como pela Organização das Nações Unidas (ONU) e Organização dos Estados Americanos (OEA). ”O que está acontecendo em Honduras é um escárnio com os Estados Unidos. É um desafio à comunidade internacional”, disse ele.
Exército popular
Zelaya também anunciou hoje que começará a organizar um “Exército popular e pacífico” na fronteira nicaraguense, integrado por militantes leais, com o objetivo de retornar a seu país para reverter o golpe de Estado que o tirou do poder há um mês.
O governante deposto afirmou, na noite da quarta-feira (29), durante um comício com 300 militantes, na cidade fronteiriça de Ocotal, que começará sua ação com uma etapa de “capacitação, de formação ideológica, formação política”, mas não esclareceu se haveria treinamento militar.
Depois, em discurso divulgado hoje pelo “Channel 4”, ligado ao governo, disse que a luta será pacífica e que os membros do agrupamento “usarão as armas da inteligência e da razão”.
Segundo Zelaya, os treinamentos serão realizados em granjas que o ele mesmo administrará nos arredores da localidade fronteiriça.
No entanto, o deputado do Partido Liberal Constitucionalista Carlos Gadea Avilés afirmou hoje à Agência Efe, que seguidores de Zelaya já estão sendo treinados para controlar a vigilância na zona fronteiriça.
Protesto deixa feridos
Pelo menos seis pessoas ficaram feridas e 88 foram detidas hoje (30) quando a polícia dispersou seguidores de Zelaya que bloqueavam uma estrada perto da capital, Tegucigalpa.
O porta-voz da polícia Orlin Cerrato disse à imprensa que os feridos são seis, um dos quais está em estado grave, já que recebeu um tiro na cabeça.
O professor hondurenho Roger Vallejo foi atingido por uma bala durante confronto com parte da polícia e Exército, em Tegucigalpa – Ulíses Rodríguez/EFE
A imprensa local assegura que os feridos podem chegar a oito, e que alguns detidos já foram postos em liberdade em uma delegacia da capital hondurenha, onde permaneceram várias horas.
O porta-voz policial disse que hoje (30) aconteceram ao menos dez bloqueios de estradas em todo o país, e que em um deles a polícia precisou usar a força para abrir caminho.
Em Tegucigalpa, “houve uma enorme repressão. Há feridos, há agredidos, atiraram bombas lacrimogêneas e, pelo que sei, há detidos”, disse à Agência Efe o líder sindical e dirigente da Frente de Resistência contra o Golpe, Carlos H. Reyes.
Até o momento, as operações da polícia e do Exército contra os manifestantes que exigem a restituição de Zelaya deixaram três mortos.
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