Em meados de 2011, o austríaco Max Schrems, 24 anos, estudante de Direito em Viena, fazia uma pesquisa sobre leis de privacidade e pediu ao Facebook que lhe enviasse todos os dados que o site tinha coletado sobre ele. Max recebeu um CD com um dossiê contendo toda a sua atividade no site nos últimos três anos; impressos, os dados somavam 1200 páginas de posts em seu mural, mensagens, pedidos de amizade e interações com amigos na rede social. Ele acreditava ter deletado a maioria destes dados, mas descobriu que estava tudo lá, armazenado nos servidores do Facebook.
Como conta o vídeo acima e o artigo do site The Huffington Post, Max e seus colegas, que também tinham solicitado e recebido seus dossiês, entraram com 22 queixas contra o site na Comissão Irlandesa de Proteção de Dados – o site tem um escritório em Dublin, capital da Irlanda, que responde pelo Facebook em território europeu. Além disso, criaram o site Europe versus Facebook, para mobilizar usuários por mais transparência no tratamento dos dados e na política de privacidade do site.
Eles conseguiram uma pequena vitória: em abril, o Facebook expandiu a ferramenta “Baixe suas informações”, que possibilita que o usuário faça o download do histórico de sua participação na rede social, e que agora compreende também dados como os endereços de IP de onde foi acessado o site e as modificações feitas no nome de usuário e outros dados pessoais. Entretanto, segundo Max, o site mantém pelo menos 84 categorias de dados sobre cada usuário, e oferece acesso a apenas 39 delas. O Facebook responde que, no futuro, mais categorias serão disponibilizadas, e a Comissão Irlandesa fará uma avaliação dos progressos no tratamento de dados pelo site em julho próximo.
Na página de ajuda do Facebook há mais informações sobre a ferramenta. Para baixar os seus dados, vá em “Configurações da Conta” e clique no link “Baixe uma cópia de seus dados no Facebook”. Esta escriba o fez: cerca de duas horas depois da solicitação, recebi o email com o link para baixar o meu dossiê, um arquivo .zip com apenas 50kb. Ao abri-lo, eis um arquivo .html com apenas 27 categorias, de “modificações no status da conta” a “pessoas que recebem suas atualizações”. É menos assustador do que parece – mas ver a lista completa de eventos a que fui convidada desde janeiro de 2009 foi um pouco perturbador. No final, fica a certeza de que o Facebook sabe bem mais sobre mim do que os parcos 303kb do arquivo .html (as informações de acesso à minha conta datam somente a partir de 01 de abril deste ano, por exemplo). E não adianta contemplar o Facebookcídio: como mostra o vídeo, o site armazena tudo, inclusive os dados removidos e as informações das contas excluídas.
Imagem na home do site: opensourceway
NULL
NULL