Charge de Khalid Albaih
O cartunista Khalid Albaih nasceu na România e vive em Doha, no Qatar, mas seu trabalho resgata as suas origens sudanesas. Khartoon!, título do seu projeto, mistura cartum, sua especialidade, e Cartum, a capital do Sudão, país onde nasceu seu pai e onde Albaih passou parte da infância.
Grande parte das suas charges lida com as questões dos dois “Sudões” – o país africano foi dividido em dois quando o Sudão do Sul tornou-se um estado independente, em 09 de julho de 2011. As consequências da secessão, a corrupção e as fragilidades das duas lideranças, Omar Al-Bashir, ao norte, e Salva Kiir Myardit, ao sul, figuram sempre nas charges de Albaih. “Eu foco bastante o Sudão em meu trabalho, e não sou o único. Há muitos cartunistas excelentes no Sudão, mas eles não estão online. Eles são publicados nos jornais locais. Já eu existo basicamente na internet.”
“Em 1985, nós tivemos uma revolução, e já tínhamos tido duas revoluções contra nossos ditadores antes disso. Mas agora o problema é que a independência do Sudão do Sul aconteceu bem no meio da Primavera Árabe. O povo do Sudão só quer o fim dos seus problemas. Eles só querem paz. E muitos acreditavam que isso poderia ser alcançado através da secessão. Mas agora nós temos novos problemas”, contou Albaih, em entrevista ao site Mashallah News.
Albaih reconhece que 2011 foi um ano importante para os árabes. “Nosso mundo mudou. Depois das revoluções, tudo estava diferente. Fiz uma montagem imediatamente após os eventos na Tunísia, dizendo que isso ia se espalhar em toda a região. E se espalhou mesmo! Sinto que fiz parte da revolução através das minhas charges. Pessoas no Egito e no Líbano usaram uma ilustração minha como um grafite. Fiquei muito orgulhoso.” O cartunista destaca o crescimento da expressão cultural que acompanhou as revoluções. “A arte começou a chegar às pessoas. Isso é ótimo, porque o nosso papel como artistas é usar a criatividade para espalhar as mensagens. Eu acredito na simplicidade. Na região, há sempre muita conversa. Os políticos falam e falam, mas não fazem nada. Quero que meus cartuns sejam o oposto disso.”
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