Em meio à pandemia de covid-19, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, iniciou formalmente o processo de retirada do país da Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo informaram autoridades nesta terça-feira (07/07).
A medida foi comunicada primeiramente por um senador do Partido Democrata, que disse que o Congresso americano foi notificado sobre o pedido de saída.
“O Congresso recebeu uma notificação de que o Potus [abreviação para presidente dos Estados Unidos] retirou oficialmente os EUA da OMS em meio a uma pandemia”, escreveu no Twitter o parlamentar Bob Menendez, da Comissão de Assuntos Externos do Senado.
À imprensa americana, um porta-voz do Departamento de Estado confirmou que os EUA comunicaram a saída ao secretário-geral da ONU, António Guterres. Stéphane Dujarric, porta-voz de Guterres, também confirmou que Washington deu seu aviso prévio.
Sob as condições estabelecidas quando os Estados Unidos entraram na OMS em 1948, o governo precisa avisar um ano antes de deixar a organização, bem como cumprir todas as suas obrigações financeiras, explicou Dujarric. Os EUA, que são os maiores financiadores da OMS, devem atualmente cerca de 200 milhões de dólares à entidade em dívidas atuais e passadas.
Dessa forma, o país só poderá deixar a entidade efetivamente em 6 de julho de 2021. A medida, porém, ainda pode ser revogada pelo próximo presidente norte-americano caso Trump seja derrotado nas eleições em novembro.
Andrea Hanks/White House
Trump iniciou processo para tirar EUA da OMS
Trump confirmou no final de maio que seu governo havia decidido romper os laços do país com a OMS. Ele justificou a decisão ao afirmar que a organização fracassou na gestão da pandemia de covid-19 e se baseou demasiadamente em informações fornecidas pela China, país onde surgiu o novo coronavírus.
“Uma vez que eles fracassaram em fazer as reformas pedidas e imensamente necessárias, estamos encerrando hoje as nossas relações com a Organização Mundial da Saúde”, afirmou o presidente à época, em pronunciamento à imprensa na Casa Branca.
Na semana anterior, Trump havia dado um prazo de 30 dias para a OMS avançar uma série de reformas, que não foram especificadas publicamente, e advertido que se isso não ocorresse ele iria cortar permanentemente as contribuições financeiras e desligar seu país da instituição.
No dia 14 de abril, ele já havia ordenado a suspensão temporária do financiamento de seu país à OMS, criticando o que chamou de “má gestão e acobertamento da propagação do coronavírus”. O valor estimado da contribuição americana à OMS é de entre 400 milhões e 500 milhões de dólares por ano, o que equivale a aproximadamente 15% do orçamento total da organização.
Trump, porém, não esperou muito tempo para adotar essas decisões, afirmando em 29 de maio que a OMS se recusou a aceitar as reformas pedidas por Washington.
Críticos dizem que o presidente norte-americano está tentando desviar as críticas à sua própria gestão da pandemia nos Estados Unidos, que somam de longe o maior número de mortes e de infectados em todo o mundo. Já são quase 3 milhões de casos confirmados e mais de 130 mil óbitos no território americano.