O ex-ministro da Educação Benoît Hamon venceu neste domingo (29/01) as primárias do Partido Socialista francês e será o candidato presidencial da legenda no pleito programado para abril.
Após sua vitória sobre o ex-primeiro-ministro Manuel Valls, com 58,6% dos votos contra 41,35%, Hamon declarou que com seu triunfo “a esquerda volta a levantar a cabeça” e que buscará um pacto com os representantes da esquerda radical e os ecologistas.
O candidato socialista anunciou que chamará Jean-Luc Mélénchon, líder da Frente de Esquerda, e Yannick Jadot, líder dos ecologistas, ambos candidatos às eleições presidenciais, para “construir uma maioria”.
“Quero começar a unir os socialistas”, disse Hamon, que prestou homenagem a dois líderes do grupo político, Michel Rocard e François Mitterand, e classificou sua vitória como o triunfo de uma “esquerda viva e vibrante”, que “volta a levantar a cabeça e olhar para o futuro”.
“Nosso país precisa de uma esquerda moderna e inovadora. É preciso escrever uma nova página de nossa história, e não me resigno à fatalidade”, disse Hamon, que representa a ala mais à esquerda do Partido Socialista francês e defende a renda básica universal, a grande promessa de sua campanha.
Agência Efe
Benoît Hamon discursa após vitória nas primárias socialistas; ele pretende unir a esquerda francesa para vencer eleições presidenciais em abril
Hamon, que critica a guinada liberal do governo de François Hollande – também socialista – e defende um “novo modelo de desenvolvimento”, agora terá que enfrentar Marine Le Pen, da ultradireitista Frente Nacional (FN), e François Fillon, do partido de direita Republicanos, do ex-presidente Nicolas Sarkozy.
Segundo uma pesquisa de intenção de voto divulgada neste domingo (29/01) pelo jornal francês Le Figaro, Hamon aparece em quarto lugar, com 15%, atrás de Marine Le Pen, em primeiro com 25%, Fillon, com 22%, e Emmanuel Macron, do partido de centro-direita En Marche, com 21%. Depois do socialista estão Mélénchon, com 10%, Nicolas Dupont-Aignan, do partido de direita DLF, com 3,5%, e o ecologista Jadot, com 2%.
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Fillon e esposa sob investigação
François Fillon, candidato conservador à presidência da França, e sua esposa, Penelope, foram interrogados pela polícia nesta segunda-feira (30/01), como parte da investigação aberta pelos supostos empregos fictícios dela, informou a rede de televisão BFMTV.
Fillon e Penelope chegaram à sede da polícia financeira, em Nanterre, nos arredores de Paris, e prestaram depoimentos separadamente.
A Procuradoria Nacional Financeira iniciou uma investigação preliminar na quarta-feira passada (25/01), horas após o semanário Le Canard Enchainé publicar que Penelope Fillon teve empregos fictícios, o primeiro como assistente parlamentar do marido e do deputado que o substituiu, pelo qual recebeu 500 mil euros brutos de dinheiro público em oito anos.
O segundo foi como assistente literária em La Revue des Deux Mondes, revista de Marc Ladreit de Lacharrière, empresário próximo ao líder da direita.
Fillon, que argumentou que não foram empregos fictícios e que Penelope exerceu os trabalhos para os quais foi contratada, tinha pedido para depor rapidamente e no fim de semana passado antecipou que só daria explicações à Justiça e não à imprensa.
Antes dos depoimentos do casal Fillon, os agentes do Departamento Central de Luta contra as Infrações Financeiras e Fiscais (OCLCIFF) tinha interrogado na sexta-feira passada (27/01) Michel Crépu, que tinha sido diretor de La Revue des Deux Mondes.
Crépu disse que não sabia que Penelope Fillon (contratada entre maio de 2012 e dezembro de 2013 com um salário de cinco mil euros brutos ao mês) tinha trabalhado como assistente literária e que só tinha recebido de sua parte duas resenhas de livros.
Os policiais interrogaram na sexta-feira a jornalista Christine Kelly, biógrafa de Fillon, e nesta manhã Marc Ladreit de Lacharrière.
A Procuradoria Nacional Financeira tenta estabelecer se houve desvio de recursos públicos, abuso de bens sociais e receptação. A investigação preliminar da Justiça pode dar lugar ao arquivamento do processo, à abertura de uma instrução com um juiz ou ao envio direto das pessoas envolvidas a julgamento.
Fillon, que se considera vítima de um ataque para dificultar sua campanha eleitoral pela presidência, disse ter a intenção de seguir em frente com a candidatura e que só desistirá da disputa se for acusado.
*Com Agência Efe