Nascido em 27 de março de 1927 em Baku, República Socialista Soviética do Azerbaijão, recebe as primeiras lições de piano de sua mãe aos quatro anos. Aos 10, aprende violoncelo com seu pai, excelente violoncelista que recebera aulas de Pablo Casals. Aos 16, ingressa no Conservatório de Moscou, onde estuda piano e violoncelo, mas também regência e composição, tendo por professores Dmitri Shostakovich e Serguei Prokofiev.
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Rostropóvich resolve dedicar-se exclusivamente ao violoncelo. Dá o seu primeiro concerto com o instrumento em 1942 e obtém o primeiro prêmio nos concursos internacionais de Praga e Budapest em 1947 e 1949. Em 1951 recebe o Prêmio Stalin e em 1963, o Prêmio Lênin, o máximo galardão soviético. À época, o músico já era bastante conhecido em seu país devido à sua intensa atividade como solista. Paralelamente, passa a lecionar no Conservatório de Leningrado – atualmente São Petersburgo – e posteriormente no Conservatório de Moscou.
[Mstislav Rostropovich conduzindo a Orquestra Sinfônica Nacional dos Estados Unidos]
Em 1955, casa-se com uma soprano do Bolshoi, Galina Vichnevskaia. Sua carreira internacional tem início, efetivamente, em 1964, por ocasião de um concerto apresentado na Alemanha Ocidental. A partir de então, realiza diversas turnês e toca nos principais palcos do mundo. Em 1967, dirige a ópera Eugênio Oniéguin de Tchaikovsky no Bolshoi, fazendo aflorar sua paixão pela regência.
Estreou obras para violoncelo dos principais compositores contemporâneos, como a Sinfonia Concertante em mi menor (1952) de Serguei Prokofiev; os dois concertos para violoncelo (1959 e 1966) de Dmitri Shostakovich e a Cello Symphony (1963); a Sonata para Violoncelo e Piano (1961) e as suítes para violoncelo (1964,1967 e 1971) do compositor inglês Benjamin Britten.
Rostropovich foi reconhecido internacionalmente como um defensor dos direitos humanos. Em 1974, defende de publicamente o escritor Alexander Solzhenitsyn, abrigando-o em sua própria casa e em uma carta enviada ao jornal russo Pravda em 1970. Sua amizade com Solzhenitsyn e o apoio a dissidentes fez com que o governo soviético impedisse o violoncelista e sua esposa realizar turnês internacionais e suas apresentações no país em grandes concertos diminuíram.
A situação tornou-se insustentável e em 1974, o casal abandona a União Soviética com suas duas filhas. Em 1978, ambos perdem a nacionalidade soviética.
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O casal emigra então para os Estados Unidos e em 1977 Rostropovich é nomeado diretor da Orquestra Sinfônica Nacional em Washington, que dirigiu durante 17 anos. Em 1990 é convidado, por Michail Gorbachov, a reger com esta orquestra na União Soviética, ocasião em que tem foi devolvida sua nacionalidade.
Por ocasião da tentativa de golpe de Estado contra o presidente Gorbachov em agosto de 1991, Rostropovich mostrou-se um ativo defensor do processo de mudança, opondo-se aos golpistas e demonstrando seu apoio explícito tanto a Gorbachov, quanto a Boris Yeltsin. Anteriormente, em 1989, já havia mostrado seu pleno apoio ao processo de reformas nos países do Leste Europeu ao tocar violoncelo diante do Muro de Berlim. Em 11 de novembro de 1989, dois dias depois da abertura do muro, interpretava diante de suas ruínas – as pessoas ainda o estavam demolindo – a Suíte nº 2 para violoncelo de Johann Sebastian Bach.
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Rostropovich diante dos fãs em 1990 quando era maestro e diretor artístico da Sinfônica Nacional dos Estados Unidos
Viveu uma longa e extraordinária carreira, sendo muito querido por todos os grandes músicos e compositores contemporâneos. Dmitri Shostakovich, um dos mais célebres compositores do século 20, disse a seu respeito: “Quando o ouvimos tocar, estamos na presença de uma personalidade artística profundamente fascinante. Ele abre para nós um universo sem limites por meio de uma performance que transborda com vida e brilha com a mais rica das cores. Ele nos cativa completamente ao nos oferecer o prazer do contato com a arte em sua forma mais suprema.”
Foi também um grande maestro e trabalhou com os grandes virtuoses do mundo da música como Maxim Vengerov, Vladimir Horowitz e Martha Argerich, entre outros. Um de seus grandes legados foi ter expandido consideravelmente o repertório de violoncelo.
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Em 2007, por ocasião de sua morte, um colunista do New York Times, Michael White, escreveu: “uma reclamação constante dos violoncelistas era que eles não tinham nenhum concerto de Beethoven ou Brahms para si, e nenhum Mozart de forma alguma, enquanto pianistas e violinistas tinham tanto. Rostropovich pedia e insistia com os compositores de distinção para compor para ele. Serguei Prokofiev, Dmitri Shostakovich, Benjamin Britten, Witold Lutosławski, Eduard Bernstein, Krzysztof Penderecki, Álfred Schnittke e William Walton (a lista é grande) deram a ele o equivalente a um catálogo quase completo de música para violoncelo do século 20. Rostropovich estreou 224 novas obras, de compositores grandes e pequenos.”
Também nessa data:
1937 – Aviões alemães bombardeiam a cidade basca de Guernica
1944 – África do Sul elege Mandela em primeiras eleições multirraciais
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