O piloto Charles Lindbergh aterrissa no aeroporto de Le Bourget, Paris, em 21 de maio de 1927, completando com êxito o primeiro voo transatlântico solo, sem escala, entre Nova York e Paris. Seu aparelho monoposto, The Spirit of St. Louis, tinha partido do campo Roosevelt 33 horas e meia antes.
Lindbergh, nascido em Detroit em 1902, começou a voar com 20 anos. Em 1923, comprou um biplano Curtiss, sobra da I Guerra, viajando pelo país como piloto acrobático. Em 1924, lecionou na escola de aviação e, dois anos depois, piloto do correio aéreo, sendo pioneiro da rota entre St. Louis, Missouri e Chicago, Illinois.
Leia mais:
Hoje na História: 1937 – Aviões alemães bombardeiam a cidade basca de Guernica
Hoje na História: 1954 – Roger Bannister corre uma milha em menos de quatro minutos
Hoje na História: 1986 – Os Estados Unidos bombardeiam a Líbia
Em maio de 1919, o primeiro voo transatlântico foi realizado por um hidroplano norte-americano de Nova York a Plymouth, Inglaterra, com escalas em Terra Nova, Açores e Lisboa. No mesmo mês, o francês Raymond Orteig, dono de hoteis em Nova York, ofereceu um prêmio de US$ 25 mil ao primeiro aviador que voasse de Nova York a Paris ou vice-versa, sem escalas.
Em 1926, como ninguém tivesse tentado vencer o desafio, Orteig refez a oferta. À época, a tecnologia aérea tinha avançado a tal ponto que alguns cogitaram ser tal proeza possível. Lindbergh aceitou o desafio.
Wikimedia Commons
O 'Spirit of St. Louis' é exibido no Museu Nacional do Ar e do Espaço, em Washington
Com patrocínio de US$ 15 mil da Câmara de Comércio de St. Louis, a empresa Ryan Airlines ofereceu-se para construir um único aparelho com as especificações de Lindbergh. Tanques de combustível extras foram acrescidos e a envergadura das asas foi aumentada para 14 metros a fim de acomodar o peso adicional. O principal foi colocado na frente da cabine de comando, pois ali seria mais seguro em caso de colisão.
Para evitar que Lindbergh ficasse sem visão frontal, um periscópio foi acrescentado. Para reduzir o peso, só o essencial não foi descartado. Sem rádio, indicador de gasolina, luz noturna, equipamento de navegação ou pára-quedas. Ao contrário de outros pilotos, Lindbergh voaria sozinho, sem navegador ou co-piloto.
O mau tempo adiou a tentativa por uma semana. Na noite de 19 de maio, os nervos e o assédio dos jornalistas o deixaram acordado a noite toda. O dia seguinte amanheceu com o céu claro e Lindbergh foi para a pista do Roosevelt Field, em Long Island. Muitos entendidos acreditavam que não seria possível levar a cabo o voo, que já havia cobrado vidas.
Às 7h52 o The Spirit of St. Louis decola. Lindbergh ruma na direção nordeste beirando a costa. Passadas apenas 4 horas, sente-se cansado e voa rente a água para se manter desperto. Cerca das 2h de 21 de maio, Lindbergh ultrapassa a metade do percurso e uma hora depois começa a amanhecer. Pouco adiante, o avião entra num nevoeiro e Lindbergh luta para se manter acordado, abrindo as pálpebras com os dedos.
Wikimedia Commons
Charles Lindbergh em frente ao seu aparelho, dupla histórica.
Cerca das 3h no horário europeu, avistou a costa da Irlanda. Com instrumentos rudimentares de navegação, calculou estar duas horas adiantado em relação ao plano de voo. Atravessa a Inglaterra e, quando a noite ia alta, já sobrevoava o Canal da Mancha.
No aeródromo Le Bourget, em Paris, dezenas de milhares de madrugadores de um sábado à noite reuniam-se para esperar a chegada de Lindbergh. Às 10h24, seu monoplano cinza e branco desponta no horizonte e executa uma perfeita aterrissagem na pista de pouso. A multidão entusiasmada cerca Lindbergh, esgotado pela jornada de 33 horas e meia e 5800 km, era aclamado e carregado nos ombros. Estava acordado fazia 55 horas.
Outros fatos marcantes da data:
1894 – Morre Émile Henry, anarquista francês.
1904 – É fundada a FIFA (Féderation Internationale de Football Association).
1990 – Iêmen e Iêmen do Sul acertam unificação.
Na volta, Nova York recepcionou-o com um gigantesco e estrondoso desfile triunfal com papel picado e tudo. Seu lugar na história, porém, não estava completo.
Em 1932, volta às manchetes dos jornais quando seu bebê foi sequestrado e, apesar de ter sido pago resgate, encontrado morto numa mata perto de sua residência.
No final dos anos 1930 e começo dos 1940, Lindbergh torna-se um porta-voz do movimento isolacionista dos EUA, contra a entrada do país na guerra, sendo asperamente criticado por sua simpatia pelo regime de Hitler e por suas opiniões anti-semitas.
Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, participou de missões de combate aéreo. Após o conflito, serviu durante muitos anos como conselheiro do governo em questões de aviação. Morreu no Havaí em 1974, com o posto de general-brigadeiro da Força Aérea dos Estados Unidos.
Siga o Opera Mundi no Twitter
Conheça nossa página no Facebook
NULL
NULL
NULL